Capítulo 54

Oi, florzinhas!!
Primeiramente...FELIZ ANO NOVO!!!
Que 2008 seja um ano maravilhoso para todas nós!

Bem, eu sei que devo desculpas a vocês pela demora nas atualizações, mas se vocês soubessem como anda corrida a minha vida: eu estava estagiando(estágio voluntário que preciso muitoooo! Depois, quando estiver tudo mais certinho, eu explico pra vocês o porquê.Entaõ aproveitei que a faculdade está de greve novamente.), trabalhando no colégio em que fiscalizo provas(semana retrasada eu ficava o dia todo lá fiscalizando recuperação!Chega às 7:30 e só saía às 18 horas!)e fazendo as últimas provas do curso de inglês(que concluí!=/Depois de 3 anos e meio indo p/ lá de seg a quinta, acabou =/ Estou feliz e triste ao mesmo tempo.Mas é a vida!).

Obrigada pela paciência, pelos comentários, puxões de orelha por causa das atualizações, e-mails, scraps...Vocês fizeram do meu ano muito especial, pois é gratificante saber que o que eu escrevo é capaz de divertir alguém.

Quem quiser me add no msn: larah00@hotmail.com Vou adorar conversar!(eu ando meio sumida do msn, mas minha irmã gêmea, Larissa, está sempre on!Ela também é fã.Podem mandar recadinho por ela. lol)

Ahhh e só para lembrar: quem tiver orkut e quiser entrar na comu de FIL é só entrar aqui:

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm

Pleaseeee, comentem!!Amooo os comments de vocês!
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Boa leitura!
Até 2008 agora! ;)
O próximo cap. não demora!Promessa de ano novo! lol

Lara

Cap. 54

Mari-...Você só pode estar brincando, Peter!-com um sorriso nervoso-Isso é uma piada, não é?

Peter-Eu não brincaria com algo assim, Mari.-sério.

Mari-...-entreabrindo a boca mas chocada demais para pronunciar qualquer coisa.

Peter-O Taylor veio deixar você aqui no seu quarto e eu fui prender o Snoopy no meu e fazer um café bem forte pra você beber. Quando eu voltei, você segurava a gravata dele e vocês dois estavam se beijando.-tentando esclarecer as coisas.

Mari-Peter, você tem certeza do que está falando?? Eu...eu não lembro de ter feito isso...Eu não posso ter feito isso.-atordoada.

Peter-Mas fez, Mari. Eu vi.

Mari-...Ai meu Deus! Que loucura!-cobrindo o rosto com as mãos-Por que eu o beijaria???-murmura-Isso só pode ser um pesadelo! Por favor, me diz que é um pesadelo, que eu vou acordar amanhã e rir dessa história surreal!?-olhando novamente para o irmão.

Peter-Desculpa atirar tudo isso sobre você dessa forma, Mari, mas eu não podia mais esconder de você essa história...

Mari-Por que você não me contou antes? Eu perguntei pra você e para o Taylor sobre o que eu disse e fiz naquele dia e nenhum de vocês falou nada!...-arregalando os olhos como se lembrasse subitamente de alguma coisa-...O Taylor brincou comigo quando eu fui procurá-lo para conversar sobre isso! Ele disse que eu o havia agarrado! Eu, claro, não acreditei. Mas depois ele me deixou balançada e eu perguntei se era verdade e então que ele reafirmou que estava apenas brincando...-pensativa.

Peter-O Taylor não queria que você soubesse. Ele sabia que você ficaria mal por tê-lo beijado tendo namorado, por ele ser o irmão do seu namorado e por vocês terem uma certa implicância um com o outro...Eu tive que prometer que não falaria nada pra você.

Mari-Ele fez você prometer?

Peter-Fez sim. Ele estava preocupado com a sua reação, como você se sentiria...O Taylor achou que não valia a pena te aborrecer com isso já que você estava bêbada quando o fez...

Mari-Vocês não podiam ter escondido isso de mim, Peter.-fala quase num sussurro, balançando a cabeça-Eu beijei o irmão do meu namorado.-repetindo para si mesma como se quisesse assimilar a história-Eu não acredito que isso está acontecendo!

Peter-Foi por saber que você reagiria assim que eu aceitei não contar nada pra você e manter isso em segredo pra sempre...Mas depois de saber que você está brigada com o Isaac e conhecer os motivos dessa briga, eu me senti na obrigação de fazer você saber que beijou o Taylor...beijou aqui mesmo no seu quarto, Mari. Eu sei que você estava bêbada, que sob o efeito de álcool as pessoas perdem certa noção do que fazem ou dizem...E você pode até dizer que o Isaac não estava bêbado quando beijou outra garota, mas o ponto principal aqui é que vocês dois fizeram a mesma coisa, a diferença foi a circunstância em que cada um estava sob.

Mari-...-Mariana nem conseguia processar as informações que acabara de receber.

       Mariana não queria acreditar no que Peter havia dito, mas não pudia usar o artifício da dúvida para contestar aquela história já que sabia que o irmão nunca mentiria para ele, principalmente a respeito de algo que a faria ficar mal. Sim, ela estava se sentindo mal. Na verdade, confusa seria a palavra que melhor a descreveria naquele exato momento. Mariana já não sabia o que sentia em relação a Isaac e ao que ele fizera e ao mesmo tempo sentia vergonha do que havia descoberto sobre si mesma...Era bastante irônico ouvir que ela havia feito exatamente o que condenara Isaac por ter feito.

Peter percebe que a irmã estava bastante mexida.

Peter-Mari...-ele se aproxima da cama de Mariana e agacha de frente para ela-...não fica assim. Eu só te contei porque achei que você deveria saber...-ela o interrompe:

Mari-Será que eu posso ficar um pouco sozinha, Peter?-pede com olhar de suplica-Eu preciso ficar sozinha para pôr a cabeça no lugar, digerir tudo isso...

Peter-Tudo bem.-compreensivo-Eu entendo, Mari.-acariciando uma das faces dela com as costas da mão-Qualquer coisa eu vou estar pronto pra te ajudar; ok?-levantando.

Mari-Obrigada.-com um sorriso melancólico.

Peter-Desculpa...eu só queria ajudar...Assim como o Taylor também.

Mari-Eu sei, Peter...Eu sei.-falando baixinho.

        Peter beija a testa da irmã e deixa o quarto, levando Snoopy consigo. Mari acompanha com os olhos a saída deles.

         Mariana fecha os olhos e respira fundo. Ela faz esforço para lembrar do beijo que dera em Taylor ou de qualquer coisa que pudesse explicar por que ela fez aquilo, mas não consegue recordar quase nada daquele noite. Era como se tivessem passado uma borracha até nos resquícios de lembrança que ela pudesse ter. 

Em compensação, duas coisas, não saíam de sua cabeça e pareciam cada vez mais persistentes e nítidas como se um filme fosse projetado a sua frente naquele momento: Taylor falando, no dia seguinte a exposição, que ela não havia feito nada de que pudesse se envergonhar e ela mesma falando em alto e bom som para Isaac que nunca, sob circunstância alguma, beijaria outro alguém estando comprometida.

Mari-Por que eu fiz isso? Por que isso tudo está acontecendo, meu Deus?!-passando as mãos pelos cabelos, abrindo os olhos.

* * *

       Lara estava no supermercado. Ela carregava uma cestinha de compras dentro da qual ela colocava todos os produtos de que precisava.

Lara-...Café em pó, filtro para a cafeteira, biscoito, leite...-ela passava os olhos de relance sobre as coisas que tinha na cesta enquanto murmurava cada um dos itens a fim de verificar que não havia esquecido nada que precisava-...Não. Acho que não falta mais nada.-fala para si mesma, levantando os olhos e percebendo que estava na seção de produtos de higiene pessoal. Ela abre um sorrisinho maroto ao lembrar do namorado e caminha em direção ao expositor de escovas de dente, pegando uma azul e pondo na cesta-Pronto. Agora não falta mais nada mesmo.-sorrindo.

       Lara continua caminhando ao longo daquela seção para se encaminhar até a parte do local onde ficavam os caixas. Com certa displicência, ela passava os olhos pelas prateleiras enquanto cruzava o corredor até que se depara com um enorme expositor cheio dos mais variados tipos e marcas de preservativos. Quase que inconscientemente, ela para de frente para ele. Seus olhinhos percorrem toda a extensão do expositor revelando surpresa diante daquela infinidade de diferentes tipos de preservativos...alguns com cores e sabores que ela nunca imaginou que existissem naquele tipo e produto.

     Em sua cabeça de imediato vem a lembrança da manhã maravilhosa que tivera com Zac àquele dia. Logo em seguida, Lara lembra de Pietra falando que uma garota deveria estar sempre prevenida enquanto lhe entregava uma camisinha, que à propósito, havia sido a salvação do casal no dia em que eles tiveram sua primeira vez já que Zac não tinha nenhuma na hora.

      Distraída e confusa, ainda hesitante a respeito de levar ou não os preservativos, Lara nem percebe quando Harry, seu colega de faculdade, passava pela seção e se aproxima por trás dela sorrindo maroto ao ver o que despertava tanta concentração:

-Eu prefiro estas aqui, Lara.-pegando uma embalagem dentre as muitas a sua frente e estendendo para a colega, a fazendo percebê-lo ali.

Lara-Harry!-abrindo bem os olhos, surpresa e desconcertada ao vê-lo.

Harry-Se você está indecisa sobre qual levar, eu recomendo estas.-sorrindo.

Lara-...er...Não...Eu não...eu não estava olhando isso...-com um sorrisinho amarelo. Ela sabia que devia estar roxa de vergonha.

Harry-Não?-enrugando a testa; travesso.

Lara-Não. Na verdade, eu...eu estava procurando...escovas de dente! É isso! Escovas de dente!-falando a primeira coisa que lhe viera à cabeça.

Harry-Na parte de preservativos?-sem engolir a desculpa dela.

Lara-...Eu só estava passando!-forçando um sorriso-Estou meio perdida, Harry! Já percorri quase todas as seções e não encontrei nenhuma escova de dente!-cruzando os dedos atrás das costas-Acho que vou pedir ajuda para alguém que trabalha aqui...-tentando dar um jeito de sair dali.

Harry-Acho que tem uma escova de dente dentro da sua cesta.-indicando a escova azul que ela havia posto na cesta poucos segundos antes.

Lara-...er...-sem saber o que dizer-...er...Nossa! Minha cabeça está uma loucura! Eu nem lembrava de ter colocado isso aqui dentro!-nada convincente-Que cabeça a minha!

Harry-Acontece, Lara.-fingindo acreditar no que ela dizia para que ela não ficasse constrangida...ou melhor, mais constrangida do que já estava-Já que você não precisa, deixa eu pôr isto de volta no lugar.-devolvendo a embalagem de preservativos ao expositor.

Lara-...É...eu não preciso.-falando em tom de lamúria e sem muita convicção, lançando um sorriso desconcertado para ele. Harry sorri.

Harry-Você perdeu o show da Pietra hoje na faculdade!-mudando de assunto.

Lara-Ahh! Como foi a seletiva? Você viu??-sorrindo-Aconteceram tantas coisas hoje de manhã que eu nem pude ir para a aula...A Pê passou?

Harry-O que você acha?-sorrindo bobo-Claro que ela passou! Ela foi perfeita! Eu fiquei hipnotizado! A Pi foi a melhor de todas que se apresentaram!

Lara-Se eu não soubesse que a minha amiga dança muito, eu não acreditaria em você!-rindo-Você é o fã número 1 dela: é suspeito para falar.-brincando. Ele ri timidamente.

Harry-Acho que todo mundo sabe que eu sou louco por ela!

Lara-Ela também te adora, Harry!

Harry-Mas não como eu gostaria; não é?-em tom tristonho.

Lara-...Você é um bom amigo pra ela, Harry...acho que ela não quer correr o risco de estragar isso...

Harry-Você acha que eu não tenho nenhuma chance?-desolado.

Lara-...-sem saber o que dizer-...A Pê gosta muito de você...Ela pode não estar apaixonada agora mas nada impede que isso mude...Eu não sei, Harry...Ninguém manda no coração...Uma paixão pode surgir de forma arrebatadora assim como também pode acontecer aos poucos...uma conquista diária, entende?-ele sorri.

Harry-É sempre bom conversar com você, Lara. Mesmo que tudo que você fale tenha apenas o intuito de me preservar, você me deixa um pouco mais animado.-Lara também sorri.

Lara-Se não for a Pê, Harry, outro alguém especial vai aparecer na sua vida. Você merece.

Harry-Obrigado, Lara.-olhando-a com ternura-Mas e você? Não vai participar do musical?-agora era ele quem ficara um pouco sem jeito com o rumo da conversa.

Lara-Perdi a seletiva...Acho que não tem mais jeito.

Harry-Fala com a Dina ou com a outra garota...-tentando lembrar o nome dela-...a gatinha que faz estilismo...Michelly!-lembrando-Fala com a Dina ou com a Michelly. Talvez elas ainda aceitem que você faça o teste e entre para o musical.

Lara-Amanhã eu vejo isso.-sorrindo.

Harry-Estou indo nessa, gata.-dando um beijo na testa dela, que sorri-O treinador quer reunir o time para um treino extra agora à noite. Ele não ficou muito feliz ao saber que vamos dividir o tempo dos treinos com os ensaios para o musical.

Lara-O quê?? O time de basquete ai participar do musical??-sorrindo incrédula. Ele ri.

Harry-A Pietra também teve a mesma reação quando soube.

Lara-É quase inacreditável!

Harry-Mas é a mais pura verdade.-sorrindo-Agora deixa eu ir pegar os meus energéticos. Só assim para sobreviver ao treino de hoje! O treinador vai querer arrancar nosso couro!-brinca. Lara ri.

Lara-Boa sorte, então.-sorrindo.

Harry-Valeu, Lara.-se despedindo dela com um abraço.

      Lara espera que Harry vire à direita ao final do corredor da seção, assim perdendo-o de vista. Ela volta a olhar para os preservativos a sua frente.

Lara-Ai meu santo Amaro! Que vergonha!!-baixando a cabeça e rindo baixinho-Essas coisas só acontecem com você, Lara!-murmura. É então que ela olha discretamente para os dois lados a fim de ver se havia alguém por perto. Como não havia ninguém além dela na seção, Lara olha novamente para o expositor, desta vez para a embalagem que Harry havia retirado e devolvido ao lugar enquanto eles conversavam. Ela mexe as mãos, fechando-as com certa inquietação, o que denunciava sua indecisão a respeito de pegar ou não uma das embalagens para levar consigo. Ela ergue um dos braços mas hesita, deixando-o suspenso no ar-Aii! Vou morrer de vergonha quando chegar ao caixa com isso!-mordendo o lábio inferior-Esquece esse negócio de vergonha, Lara! Você precisa disso, não pode deixar de levar por causa de bobagem!-ela olha novamente para os lados e finalmente pega a embalagem de preservativos, pondo rapidamente dentro de sua cestinha. Pronto. Agora realmente não faltava mais nada.

      Lara caminha até a “saída” da seção, se dirigindo até o local onde ficavam os caixas. Como havia posto pouca coisa em sua cesta, ela vai para o caixa-rápido.

     O supermercado não estava cheio, então ela não teve que esperar muito na fila para que sua vez logo chegasse.

Lara retira uma por uma as coisas que tinha na cesta, sempre adiando a retirada da embalagem de preservativos. Quando quase tudo estava sobre a esteira e ela se sentia menos constrangida por não ter ninguém ali além da atendente do caixa, Lara tira a embalagem e põe também sobre a esteira mas sutilmente afastada dos outros produtos.

A moça do caixa passava as mercadorias e Lara já ensaiava a cara que faria quando ela a olhasse depois de notar o preservativo ali. É então que Lara desvia o olhar da moça para os objetos sobre a esteira a fim de ver quantos faltavam até chegar às camisinhas e acaba percebendo a aproximação de alguém. Para a sua “grata” surpresa, era Harry novamente.

Lara-Ah! Que ótimo!-fala baixinho entre os dentes com ar irônico.

Moça do caixa-Oi?-olhando para Lara achando tê-la ouvido falar com ela.

Lara-Ahn?-já inquieta; virando os pés para os lados como costumava fazer quando estava nervosa.

Moça do caixa-A senhorita falou comigo?-sendo mais clara.

Lara-Não. Não.-sem graça; olhando de soslaio para Harry, que já sorria por tê-la visto mais uma vez.

“Agora ele vai achar que eu sou uma mentirosa...e tarada, ainda por cima! Ai meu santinhooo!!” – pensa; forçando um sorriso para ele.

Harry-Não nos encontraríamos assim nem se só tivesse um caixa aqui.-exagera brincando.

Lara-Pois é.-sem jeito-...Tem um caixa vago logo ali na frente; não, Harry?-na ponta dos pés para averiguar se não haviam outros caixas livres para onde ele pudesse ir.

Harry-Acho que sim.-naturalmente.

Lara-E você não quer ir pra lá?-tentando ser sutil, mas não muito eficiente em sua tentativa.

Harry-...-enrugando a testa; sorrindo-Você quer que eu vá?

Lara-Não! Não!...quer dizer...Não me interprete mal...Eu só achei que você estivesse com pressa para ir para o seu treino...-ele sorri.

Harry-Acho que posso esperar, Lara; você nem comprou muita coisa...já está acabando...-finalmente olhando para a esteira. Por coincidência, a moça do caixa acabava de passar todas as coisas que haviam sido postas juntas deixando apenas a embalagem de preservativos sobre a esteira.

Moça do caixa-Isto também é seu, senhorita?-pegando a embalagem, olhando para ela. Harry sorri maroto, também olhando para ela. Lara queria um buraco para enfiar a cabeça.

Lara-...er...Não. Não é meu. Como isso foi parar aí?-com um sorriso amarelo-Acho que deve ser da pessoa que esteve aqui antes de mim.-evitando olhar para o colega-Não. Definitivamente não é meu.-Harry segura o riso, achando engraçando o modo contundente com o qual ela afirmava aquilo. 

Lara cruzava os dedos atrás das costas.

      A moça do caixa acha estranho, pois tinha a nítida impressão de ter visto quando Lara tirara a embalagem de dentro da cesta, mas nada fala. Ela tenciona pegar a caixinha e pôr de lado, mas Harry pega antes dela.

Harry-Já que ninguém quer, eu fico então.-sorrindo maroto. Lara o olha com espanto-Você não se importa; não é, Lara?

Lara-...Eu? Eu não. Por que eu me importaria?-com um sorrisinho nervoso.

Moça do caixa-Então...São vinte e um dólares e setenta e cinco cents, senhorita.-interrompendo a conversa dos dois.

Lara-Ah tá! Desculpa!-abrindo a bolsa e pegando o dinheiro. Enquanto isso, a moça colocava as coisas de Lara dentro de sacolas plásticas. Harry sorri vendo que Lara ainda estava vermelha desde a hora em que ele chegara ao caixa-Tchau, Harry. A gente se vê na faculdade.-se despedindo dele rapidamente após e pegar desengonçadamente todas as suas sacolas.

Harry-Espera, Lara. Se você quiser, eu te dou uma carona até a sua casa.-a moça olha de forma maliciosa para eles.

Lara-Não precisa, Harry. Eu sei que você está com pressa...eu também estou...Obrigada. Eu tenho que ir agora.-recusando a oferta temendo que ele quisesse tocar no assunto do preservativo durante o caminho-Tchau!-acenando para ele e saindo dali o mais rápido possível.

Harry balança a cabeça; rindo. A moça do caixa não entende nada.

* * *

         Lara saíra tão apressada do supermercado que quase esbarra em um homem que estava entrando.

Lara-Desculpa, senhor.-vendo que ele a olhava com cara de poucos amigos e adentrar o local resmungando. Lara tenta organizar as sacolas em suas mãos para equilibrar o peso e então prosseguir mas ela mal dá alguns passos fora do supermercado, ouve alguém chamando seu nome.

          Ela olha para trás e vê Harry.

Lara-Ai meu Deus! Lá vem ele! Finjo que estou com amnésia e não sei quem ele é, muito menos o que “camisinha” significa, ou corro só se ele puxar o assunto?-sorrindo sarcástica enquanto falava entre os dentes para si mesma.

Harry-Viu como foi rápido? Ainda consegui te alcançar!-sorrindo; também segurando 3 sacolas.

Lara-...er...Rápido mesmo!-nada empolgada-Agora tenho que ir, Harry.-querendo encerrar a conversa por ali.

Harry-Espera.-a fazendo ficar onde estava-Você esqueceu isto aqui.-tirando a embalagem de preservativos de dentro de uma de suas sacolas.

Lara-...-arregalando os olhos. Ele sorri-...Harry, isso não...-ele a interrompe:

Harry-Eu sei que você disse que não é seu e etc, mas...você confundiu os expositores e foi parar em frente ao de preservativos; depois esta embalagem foi parar no meio das suas compras no caixa...Acho que o destino quer que você a leve para casa.-maroto.

Lara-...-voltando a ficar vermelha.

Harry-Desculpa; eu não queria te deixar constrangida...só queria te entregar.-estendendo a caixinha para ela-Comprei pra você.-fofo.

Lara-...Harry...-sem graça.

Harry-Não precisar falar nada.-sorrindo-Só fala para ele vir comprar da próxima vez: você fica muito constrangida.-piscando o olho, com um sorrisinho cúmplice.

Lara-Obrigada.-com um tímido sorriso; pegando a embalagem já que Harry havia entendido tudo.

Harry-Não precisar agradecer, Lara.-fofo-Fala bem de mim pra Pi e nós estamos quites.-brinca. Lara ri timidamente.

Lara-Pode deixar. Eu falo, sim.-sorrindo.

Harry-À propósito, já que você não precisa mais fugir de mim, não quer aceitar a carona?

Lara-Não precisa, Harry. De verdade. A minha casa fica três quadras daqui. Não quero que você se atrase para o seu treino. A minha casa fica na direção contrária a que você está indo.

Harry-Mas eu posso desviar rapidinho.-sorrindo.

Lara-Obrigada, mas não precisa. O treinador vai matar você e a mim se o treino não começar no horário marcado. Você é capitão, Harry: não pode se atrasar.-também sorrindo-Além disso, eu gosto de caminhar...

Harry-Se você diz...Mas eu juro que não ia mais tocar no assunto das camisinhas.-brinca. Ela ri.

Lara-Bom treino pra você, Harry.

Harry-Boa noite, Lara.-sorrindo malicioso-Divirta-se.-Lara baixa os olhos, balançando a cabeça.

Lara-Bobo!-ele ri-Tchau.

Harry-Tchau, Larinha.-beijando a testa dela.

Lara-Obrigada, Harry.-olhando-o com ternura; agradecida pelo que ele fizera por ela. Harry sorri.

Harry-Foi um prazer ajudar.-ele dá as costas para se dirigir até seu carro. Lara guarda a caixinha dentro de uma de suas sacolas e cada um segue seu caminho.

* * *

       Victor já tinha seus lábios encaixados aos de Linda mas ainda assim ela resistia ao beijo. Ela tentava empurrá-lo e escapar de seus braços porém o contato com o corpo dele a fazia fraquejar, fazia com que ela o quisesse ainda mais. Apenas a mágoa que sentia conseguia mantê-la fingindo o contrário. 

Linda não o empurrava com toda a força que podia usar, sentindo ainda mais vontade de beijá-lo quando ele a leva de encontro a seu corpo com um abraço carinhosamente apertado, impedindo que ela continuasse a “empurrá-lo”, pois ele a faz baixar os braços antes de envolvê-la com os dele.

        Linda estremece ao sentir a língua dele tocar a dela; relaxando todo o corpo.

Não podia mais resistir. Não queria mais resistir.

       Victor movia os lábios lentamente. Linda entreabre a boca, correspondendo ao beijo no mesmo ritmo que ele. Era um beijo carinhoso; calmo; ainda que intenso e com movimentos precisos. 

Eles sabiam bem como ativar a química que havia entre eles...se é que ela alguma vez estivera inativa.

       Os corpos estavam tão unidos que eles podiam sentir seus batimentos cardíacos como um só.

Lágrimas rolam pelo rosto de Linda. Como ela o amava! Como ela desejava que não existisse Ashley; que ele nunca tivesse tido vergonha dela; que a criança que um dia ela tivera dentro de si ainda estivesse ali...que ela ainda acreditasse quando ele dizia amá-la!

Mas a fuga da realidade é efêmera...

Linda abre os olhos. Aproveitando que Victor não prendia seus braços com tanta força já que ela havia cedido ao beijo, ela o empurra. Desta vez, com vontade. Assim, Linda consegue se soltar.

Linda-Você não tinha esse direito, Victor!-passando as mãos sobre os lábios de forma brusca-Você não podia ter feito isso!

Victor-...-sorrindo todo bobo por causa do beijo.

Linda-Me deixa em paz!! Será que é pedir demais??-ele percebe as lágrimas dela; perdendo o sorriso.

Victor-Você está chorando, Linda?-se aproximando dela, preocupado.

Linda-Não me toca!-dando um passo para trás para manter distância-Eu estou bem.-passando as mãos pelo rosto para secar as lágrimas-Vou ficar melhor ainda quando você sumir de vez da minha vida!

Victor-Sinto muito, Linda, mas isso é algo que nunca vai acontecer. Eu já perdi quatro meses tentando entender sozinho tudo o que aconteceu; tentei te dar um tempo...embora eu viesse aqui escondido e ficasse olhando você de dentro do meu carro enquanto você esperava o ônibus para ir para a sua casa, telefonasse pra você só pra ouvir a sua voz...-olhando-a nos olhos-Você não quer contar pra mim por que terminou comigo? Tudo bem. Eu não me importo. Eu não preciso saber...desde que você volte pra mim.

Linda-Não dá mais, Victor. Não dá...-com a voz embargada.

Victor-Por que não??-se aproximando dela novamente.

Linda-Porque eu quero te esquecer. Eu não quero mais te amar! Porque você me traiu e matou tudo de bom que havia entre a gente!

Victor-Eu te traí? Como assim??-surpreso.

Linda-Como assim?-irônica-Uma garota loira enrolada numa toalha no seu apartamento não te lembra nada???-indignada com o que ela achava ser fingimento e cinismo da parte dele.

Victor-O quê?!!-sem entender nada-Do que você está falando?? Que garota loira??

Linda-...Sabe o que mais me enoja, Victor? É esse seu joguinho cínico de esqueci-o-que-fiz!-revoltada.

Victor-Linda, eu juro pra você que não faço ideia do que você está falando!! Você esteve no meu apartamento? Quando?? Que garota é essa de quem você falou?

Linda-Você não esperava que a namoradinha que você queria tanto esconder por vergonha pudesse algum dia aparecer no seu lindo castelo; não é? É muita ousadia pra uma simples garçonete!-sarcástica.

Victor-De onde você tirou isso de vergonha?? Linda...-com desespero no olhar-...Por favor, deixa as ironias e o sarcasmo de lado e me explica o que aconteceu.-passando as mãos pelos cabelos.

Linda-...-balançando a cabeça com ar de reprovação-Já falei mais do que devia, Victor. Que ingênua eu sou! Achei que você pararia de fingir que não sabe do que eu estou falando, pararia de fingir que não fez nada de errado...Mas agora que você começou uma mentira vai até o final para sustentá-la; não é?

Victor-Linda...-ela o interrompe:

Linda-Procura outra pra se divertir! Eu não sou mais tão burra pra cair na sua outra vez! Desculpa se você achou que ia ser fácil me enganar de novo.

Victor-O que quer que tenha acontecido, só pode ter sido um mal entendido, Linda! Eu nunca traí você! Você deveria saber que eu nunca faria isso! Você me conhece! Se me amasse de verdade, acreditaria em mim!-chateado.

Linda-Psicologia reversa não, Victor! Não queira que eu me sinta culpada por não acreditar em você depois do que eu vi! Não ponha à prova os meus sentimentos quando VOCÊ não mostrou ter sequer consideração por mim! Você não teve nem a decência de me apoiar quando eu mais precisei de você! Eu perdi o nosso...-emudecendo subitamente; procurando controlar sua agitação. Linda lembra de Emily e da promessa de sigilo que fizera para ela.

Victor-Você perdeu o nosso...?-enrugando a testa.

Linda-...-respirando fundo; baixando o tom de voz para não atrair os olhares das pessoas na rua-Nós perdemos, Victor...perdemos o nosso tempo. Inclusive, estamos perdendo um pouco mais dele agora. Eu tenho que trabalhar.-tencionando dar as costas para entrar na cafeteria. Victor segura seu braço.

Victor-Linda...

Linda-Expediente a todo vapor, conversa encerrada.-sorrindo sarcástica-Eu só ia gastar alguns segundos com você e olha só! Já extrapolei disso! Então agora chega; ok? Deixa eu ir trabalhar. Não posso perder o meu emprego.

Victor-Eu vou entrar com você e só saio quando você conversar comigo sobre todos esses enigmas que você jogou sobre mim e que eu nunca vou conseguir compreender porque preciso da sua ajuda pra isso!

Linda-Se você fizer isso, Victor...-nervosa-Se você entrar por essa porta de novo, eu juro pra você...Eu juro que arrumo as minhas coisas e sumo de Nova Iorque! Eu vou pra qualquer lugar...mas eu sumo!!-o encarando; falando de forma firme e decidida-Se eu tiver que fazer isso pra me livrar de você, eu faço!

Victor-...-soltando o braço dela; se desesperando com a possibilidade de Linda cumprir com a sua ameaça.

Linda-As coisas não precisavam ser assim. Se você fingisse que eu nunca apareci na sua vida e me deixasse fazer o mesmo, nós não precisaríamos brigar...

Victor-Você acha que consegue? Que pode um dia viver como se eu nunca tivesse feito parte da sua vida?-desolado.

Linda-Não sei se consigo...mas quero tentar.

Victor-Mas eu não, Linda. Não vou e nem quero tentar.

Linda-...-respirando fundo-Boa noite, Victor.-dando as costas e empurrando a porta da cafeteria para entrar.

Victor-Eu só te digo uma coisa...-ela para mas não vira o rosto para olhá-lo, permanecendo totalmente de costas-...Você pode até não querer ficar comigo, pode deixar de me amar e a gente pode nunca mais ficar juntos novamente, mas...Eu vou provar que você está enganada a meu respeito. Pode ficar tranquila: eu não vou vir atrapalhar o seu trabalho. Eu prometo pra você. Mas escreve o que eu estou dizendo. Eu vou descobrir que garota é essa de quem você falou; vou tirar tudo a limpo e você vai ver que eu não mereço o seu desprezo.-triste.

        Linda nada fala, entrando de vez na cafeteria.

     Victor não podia acreditar que um beijo no qual Linda o correspondera, que ele sentira tão intensamente quanto ela, tivesse terminado daquela maneira.

Ele estava arrasado. Cada conversa que tinha com ela, cada olhar hostil da parte dela o matava aos pouquinhos.

Victor-Eu a traí? Garota de toalha?-confuso-Eu tenho que descobrir do que ela está falando!-intrigado-Essa história não vai terminar assim. Eu não vou deixar.-decidido.

       Victor estava triste por ter discutido com Linda mais uma vez, mas ao mesmo tempo sentia por dentro um certo alívio: ela deixara escapar algumas coisas que explicavam os motivos do rompimento do namoro e isso poderia facilitar para que Victor juntasse as peças do quebra-cabeça. Sem saber do que ela o acusava, Victor não podia se defender. Mas a partir daquela conversa, embora certas coisas não fizessem sentido algum para ele; a verdade parecia um pouquinho mais perto.

        Mal sabia ele que a peça-chave para desvendar o mistério estava bem perto...na casa dele.

Ele olha para a vidraça da cafeteria e vê Linda ao longe se dirigindo para o balcão. 

Ela passava as mãos pelo rosto, enxugando discretamente as marcas das lágrimas, voltando a atender o senhor ao balcão enquanto colocava o avental novamente. Dayse falava algo para ela, mas Linda força um sorriso em resposta.

     Victor baixa a cabeça com ar melancólico e pensativo. Ele suspira; caminhando, então, até seu carro. Sua tentativa acabava por ali. Mas só por aquela noite.

Victor-Eu vou te deixar em paz, Linda...mas só por hoje. Só por esta noite.-murmura para si; entrando em seu carro depois de dar uma última olhada para o prédio da cafeteria.

* * *

Zac-Emily, você tem certeza que trouxe o seu celular? Nós já estamos procurando a um bom tempo e até agora nada!-olhando para ela após ter verificado todos os armários que ficavam próximos ao seu birô.

Emily-Certeza absoluta, Zac! Eu estava falando com a minha prima Ashley antes de você voltar para cá.-segurando o riso; olhando discretamente para o relógio de parede da sala.

Zac-Ele não está nos armários atrás de você? Você já olhou em todos?-tencionando caminhar até os tais armários. Emily se põe no meio o impedindo de seguir com o que pretendia.

Emily-Não. Ainda não procurei em todos eles.-forçando um sorriso; se apressando em dizer aquilo pra se justificar caso ele quisesse mesmo começar a procurar nos outros armários também e achasse o celular.

Zac-Achei que você estivesse procurando neles enquanto eu procurava nos outros...-enrugando a testa.

Emily-...er...Eu quebrei uma das minhas unhas quando fui abrir uma das gavetas...-com um sorriso amarelo-...então fiquei procurando com mais cuidado pra não acontecer de novo...-mentindo.

Zac-Desculpa, Emily, mas eu realmente preciso ir...Acho melhor você procurar o seu celular amanhã...-ela o interrompe:

Emily-Não, Zac!-com olhar de suplica-Eu não posso ir pra casa sem o meu celular!

Zac-Mas eu realmente não preciso ir, Emily.

Emily-Você mesmo disse que não tem hora marcada pra chegar ao local para o qual você vai depois daqui.-manhosa; mexendo na gravata dele.

Zac-Eu não tenho hora marcada mas existe a hora em que eu planejei chegar; e de acordo com isso, eu já estou bastante atrasado.

“Não tanto quanto eu queria!”-ela pensa; irritada por se ver obrigada a finalmente “encontrar” seu telefone.

Emily-Você não quer me dar carona; não é?-com voz tristonha; virando de costas para ele como se estivesse magoada, mas, na verdade, ela queria esconder um sorriso.

Zac-...-respirando fundo; temendo ter sido ríspido com ela-Eu não estaria aqui se não quisesse te ajudar, Emily...-ela volta a olhá-lo.

Emily-Desculpa por te atrapalhar, Zac. Pode ir. Eu espero o meu pai para ir embora com ele. Aproveito que ele só sai daqui tarde pra ficar procurando meu celular...assim não fico tão entediada enquanto espero...sozinha.-em tom dramático.

Zac-...A gente procura nos armários que faltam; se não encontrarmos, então você decide se aceita a minha carona e vai pra casa sem o celular ou se fica procurando e vai embora com o seu pai. Tudo bem assim?-com paciência quase paternal. Emily sorri.

Emily-Você é demais, Zac!-o abraçando. 

         Zac se sente desconfortável, o que o faz se afastar dela sutilmente e sair de seu abraço.

Zac-É melhor procurarmos o seu celular...-com um sorriso amarelo, se dirigindo até os armários nos quais ela ainda não havia procurado seu aparelho celular. Emily apenas vira o rosto para olhá-lo, não movendo uma palha para ajudá-lo. Zac havia aberto exatamente para o armário no qual uma das gavetas continha o celular. Emily não podia fazer mais nada, apenas esperar que ele o encontrasse. O que não demorou para acontecer...-Está aqui, Emily. Achei!-retirando o aparelho dentro da gaveta; com um sorriso fofo.

Emily-Que bom, Zac!!-fingindo estar animada-Como eu sou descuidada! Estava o tempo todo atrás de mim e eu não achava!-sonsa.

Zac-Como ele foi parar lá dentro?-fechando a gaveta; enrugando a testa.

Emily-...er...Sabe que eu também não sei! Deve ter sido quando...quando...Enquanto a minha orientadora não chegava, eu fiquei entediada e comecei a bisbilhotar os armários...Deve ter sido isso!

Zac-Mas você disse que um pouco antes de eu voltar pra cá você estava conversando com a sua prima ao celular.-entregando o celular; olhando pra ela com ar de desconfiança.

Emily-...er...-sem saber o que dizer-...Ah! Não sei como ele foi parar aí, Zac! Mas...mas...Agora não importa mais! Você já o achou! Eu nem sei como agradecer por ter me ajudado a procurar e ficar me esperando aqui!-tentando mudar de assunto.

Zac-Não precisa agradecer, Emily.-ciente de que ela estivera mentindo o tempo todo.

Emily-Claro que precisa, Zac!-se aproximando dele toda sedutora.

Zac-A melhor forma que você tem de me agradecer é terminar de arrumar as suas coisas para irmos embora logo.-sério; se desviando dela e caminhando até a porta da sala. Emily percebe que ele havia compreendido o jogo dela, perdendo o sorriso.

Emily-Tudo bem, Zac...-sem ousar inventar algum outro artifício para prendê-lo ali.

       Ela pega sua bolsa sobre o birô, guarda o celular e demonstra estar pronta para ir. Zac abre a porta da sala e sinaliza de modo gentil para que ela saísse primeiro. Emily o faz, ainda que contrariada. Zac desliga o ar condicionado e as luzes, deixando o local logo em seguida.

     Ambos seguiam em silêncio rumo aos elevadores do andar. Emily sabia que Zac havia ficado chateado ao perceber que ela mentira quanto a história do sumiço do celular, então desiste de seu plano para não piorar a situação entre eles.

“Droga!! Você estragou tudo, sua burra! Não tinha uma desculpa menos idiota pra inventar pra justificar o sumiço daquela porcaria??”-pensa; morrendo de raiva por dentro.

        Eles entram no elevador e descem até o andar térreo, onde ficava a recepção do prédio. Zac não havia deixado seu carro no estacionamento da empresa, mas na rua paralela a ela.

Emily estava incomodada com a falta de diálogo, decidindo quebrar o gelo:

-Detesto o outono!! Não é tão quente nem tão frio; o tempo enlouquece e eu não suporto a ideia de ter que esperar três meses para que o inverno chegue pra eu poder usar os casacos lindos que comprei!-parando em frente ao carro dele; sorrindo-O que você acha, Zac?-ele, que abria a porta do carro para que ela entrasse, a olha.

Zac-...Outono não é a minha estação favorita, mas não chego a detestar.-frio.

Emily-Quer razão melhor pra alguém odiar o outono do que ter dezenas de casacos de frio maravilhosos e caros guardados no closet porque o frio dessa estação é compatível com um misero sweater?-entrando no carro.

Zac-Já pensou que alguém pode não gostar tanto assim do outono porque as flores e as folhas das árvores caem?

Emily-...Flores e folhas?-rindo-Quem liga pra isso, Zac???

Zac-...-ele sorri ao lembrar de Lara-Deixa pra lá, Emily. Deixa pra lá.-fechando a porta para ela e dando a volta por trás do veículo para entrar no mesmo.

Emily-Ora, ora, ora o que temos aqui!-pegando sobre o banco uma Hello Kitty de pano vestida de joaninha, antes que sentasse sobre ela-Você tem irmã pequena? Eu não sabia!! O Victor me disse uma vez que você só tinha dois irmãos mais velhos; nunca mencionou irmã nenhuma.-olhando para ele.

Zac-Não tenho irmã, Emily.-pondo o cinto de segurança.

Emily-Ah não?-passando a olhar para a Hello Kitty com desprezo, deduzindo que Lara era a dona dela-É estranha essa gata! Tem a cabeça grande, não tem boca...É ridícula!-puxando-a pelas orelhas como se tivesse nojo-Não sei o porquê de tanto sucesso!-batendo na boneca; sorrindo.

        Assim que Zac vê o que Emily fazia com a Hello Kitty da Lara, tira das mãos dela educadamente.

Zac-É melhor deixá-la no banco de trás.-desamassando a cabecinha da Hello Kitty e pondo-a sobre o banco traseiro do carro, longe de Emily.

Emily-É da sua namorada?-ainda com ar de desprezo.

Zac-É da Lara, sim.-ligando o carro.

Emily-Ah.-fingindo só então saber-É pra casa dela que você vai depois que me deixar em casa?

Zac-Você sabe que sim, Emily.-concentrado na direção.

Emily-...O que foi, Zac? Vai ficar frio assim comigo até quando?? Quer que eu saia do carro pra você poder olhar para o lado?-não suportando vê-lo agir friamente com ela-Desculpa se eu te atrasei! Se você não queria me dar carona, por que não falou logo? Era melhor ir pra casa a pé do que ver você de cara feia pra mim!-tentando dramatizar aquilo mais que o necessário-Eu não perdi o meu celular de propósito! Por que eu faria isso?? Eu nem sabia que você tinha um compromisso depois do expediente! E mesmo que soubesse, não te atrapalharia de propósito! Eu não faria isso!-olhando para a janela ao seu lado para fingir que queria esconder o choro.

Zac-...-sem jeito; ficando nervoso ao percebê-la “chorando”-...Desculpa, Emily. Eu não quis ser grosso com você. Eu...eu...-dividindo sua atenção entre o volante e ela-...Eu sei que você não perdeu o celular de propósito...-pondo uma das mãos sobre o ombro dela para consolá-la-Desculpa se eu fui frio...não era a minha intenção.

Emily-...-passando as mãos pelos olhos para fingir que enxugava algumas lágrimas antes de virar o rosto para olhá-lo novamente-Quer dizer que você não está chateado comigo?-sorrindo.

Zac-Não. Não estou chateado com você, Emily.-fofo.

Emily-Obrigada! Obrigada, Zac!-beijando repetidas vezes a face direita dele. Ele balança a cabeça, rindo timidamente-Eu juro que não queria atrasar você...-ele a interrompe:

Zac-Vamos esquecer isso; ok? Eu já estou atrasado, mas nada irreversível.-não querendo deixá-la mal, embora consultasse seu relógio de pulso e visse que as horas estavam passando mais rápido do que ele esperava. É então que, ao olhar novamente para a direção, ele é obrigado a parar por conta do enorme congestionamento na rua em que eles estavam-Essa não!-murmura instantaneamente.

        Emily não lembrava que a principal rua que eles teria que pegar para ir para a casa dela era a de maior tráfego naquele horário. Ao ver Zac parar o carro, e avistar ao longe a fila de carros parados, ela sorri disfarçadamente.

“Perfeito!!”-Emily pensa, exultante-“Coitadinha da mosca morta da Lara! É uma pena para ela, mas o universo conspira a meu favor!!”

* * *

TINDON TINDON!!-a campainha da casa da família Smith é tocada.

      Meg, que estava na cozinha terminando de pôr a louça do jantar na máquina de lavar louças, se apressa para atender.

Meg-Quem é?-pergunta enquanto abria a porta.

-Oi, tia Meg!-Taylor responde, sorrindo.

Meg-Oi, meu anjo!-também sorrindo ao vê-lo-Tudo bem, querido?-abraçando-o carinhosamente.

Tay-Tudo bem, sim, tia Meg.-sorrindo.

Meg-Entre, meu filho.-conduzindo-o pela mão para dentro da casa-A que devo a honra da sua visita?-simpática.

Tay-Uma garota linda que mora aqui.-sorrindo maroto.

Meg-Ow meu querido! Sinto informar, mas a Pietra não está.

Tay-Mas eu já estou vendo a garota linda que vim procurar.-piscando o olho para ela; fofo. Meg ri.

Meg-Você não tem jeito, Tay!-acariciando o rosto dele-Sempre brincalhão, não é?-rindo.

Tay-Não é brincadeira, tia Meg! A senhora é linda! Se me desse bola, eu a convidaria para sair. E aí, tenho chance?-sorrindo. Meg ri ainda mais, ficando sem graça.

Meg-Se eu fosse alguns mjuitooos anos mais nova, com certeza.-brinca. Eles riem.

Tay-E por falar em garota linda...A outra garota linda desta casa não está mesmo?

Meg-Não, Tay. Saiu há pouco tempo. Depois do jantar, o Matt foi para a casa da Ellie e a Pi pegou carona com ele.

Tay-A senhora sabe para onde ela foi?

Meg-Não, querido. Eu perguntei mas ela apenas disse que ia resolver algumas coisas e que voltaria logo.

Tay-Ah...-num misto de compreensão e lamento.

Meg-Você não quer entrar e esperar um pouco? Quem sabe ela não demore mesmo...

Tay-Se eu não for incomodar...

Meg-Claro que não!-com um sorriso bondoso. Taylor entra. Meg fecha a porta-Eu que espero que você não se incomode de ficar um pouco sozinho aqui na sala enquanto eu termino de lavar a louça do jantar...Deixei a máquina aberta.

Tay-É óbvio que me incomodo, tia Meg! Nunca que eu vou deixar a senhora lavar louça sozinha enquanto eu fico na sala sem fazer nada.Vou ajudá-la; claro!-fofo.

Meg-Oh não! Não precisa, honey.

Tay-Claro que precisa, tia!-oferecendo o braço para que ela enlaçasse o dela ao dele, sorrindo. Meg sorri com ternura, fazendo-o. Os dois vão para a cozinha.

        Taylor começa a pôr dentro da máquina a louça que Meg ia molhando para tirar um pouco da sujeira.

Meg-Como está a Di e o Walker, Tay? Ela fez uma boa viagem de volta para Tulsa? Eu nem pude ir deixá-la no aeroporto com vocês porque...-olhando para ele ao passar mais um prato-...Aconteceu aquilo no apartamento de vocês e a Pietra estava mal...Ela precisava de apoio.

Tay-Não se preocupa, tia Meg, a mamãe entendeu.

Meg-Que bom que agora tudo parece estar resolvido; não é? Hoje a Pi até saiu com o Ike!-sorrindo-Depois da discussão que eles tiveram e de como ela ficou arrasada, eu cheguei a pensar que levaria bastante tempo até que isso fosse superado.

Tay-Aos poucos as coisas estão se resolvendo, tia. Podem não ser como alguns gostariam, mas o importante é manter a harmonia...-com um sorriso triste; desviando seu olhar para a máquina de lavar louças. Ele parecia pensativo e um tanto inquieto, chegando até mesmo a entreabrir a boca como se quisesse falar algo, mas logo balança a cabeça desconsiderando aquela ideia. Meg, porém, percebe.

Meg-Quer me dizer alguma coisa, querido?-Taylor volta a olhá-la.

Tay-...Não, tia Meg.-com um sorrisinho amarelo.

Meg-Pareceu que você queria dizer algo...

Tay-Não...quer dizer...-reticente.

Meg-Pode falar, meu anjo.-meiga-Não precisa ficar sem graça ou receoso...

Tay-...Posso pedir um conselho de alguém mais experiente que eu?-ela sorri.

Meg-Se esse alguém for eu, você está demorando a pedir.-sorrindo.

Tay-Na verdade, não é um conselho pra mim...é para um amigo meu.-apressando em acrescentar.

Meg-Amigo?-enrugando a testa, desconfiada.

Tay-É...um amigo bem próximo.-evitando olhá-la nos olhos.

Meg-Qual o problema...do seu amigo?

Tay-...Ele está apaixonado por uma garota.-fala baixinho como se temesse que até as paredes pudessem ouvi-lo.

Meg-Ah! Desconfiei que se tratava de algo do tipo!-sorrindo-Mas por que isso é um problema? O seu amigo não é correspondido?

Tay-...O problema maior nem é ser ou não correspondido por essa garota, tia, mas o fato dela ter namorado...E o namorado dela é alguém de quem esse meu amigo gosta muito e considera como irmão!-Meg sorri discretamente-Guardar o sentimento para si, não declará-lo para a garota não é fácil, mas esconder do amigo consegue ser mil vezes pior!

Meg-Entendo...-com dó da expressão tristonha dele.

Tay-E agora a garota e o namorado brigaram e o meu amigo está mal porque...de certo modo, ele ficou...Feliz não é a palavra certa...-procurando um vocábulo apropriado para descrever como “seu amigo” se sentia.

Meg-Esperançoso?-tentando ajudar.

Tay-Isso! Esperançoso é a palavra certa!-sorrindo timidamente-Além disso, o meu amigo acha que o namorado dela está afim de outra...e depois da briga que eles tiveram, é provável que não mais reatem o namoro.

Meg-E o que o seu amigo pensa em fazer?

Tay-É aí que entra o seu conselho, tia Meg. O que a senhora faria se tivesse na situação do meu amigo?

Meg-...É uma situação complicada. Envolve muitas pessoas, os sentimentos delas...O que você faria se estivesse no lugar do seu amigo?-o encarando.

Tay-Eu?

Meg-Sim. Você.

Tay-...er...Eu não sei, tia Meg. É justamente por não saber o que dizer para ele que eu estou pedindo um conselho seu.

Meg-É difícil aconselhar, querido. Se ao menos eu conhecesse as pessoas envolvidas, eu poderia avaliar o grau de envolvimento delas, deduzir a reação de cada uma...Se fosse você apaixonado pela namorada do Ike...-Taylor olha para ela imediatamente como que surpreso-...eu diria para você procurá-lo para conversar sobre isso. Além de irmãos, acima de tudo vocês sempre foram muito amigos! Se guardar isso te angustia, se você acha que ele não está tão apaixonado assim pela garota, desabafar é uma boa opção...E se ele estiver mesmo apaixonado, você deixa bem claro que não fará nada a respeito dos seus sentimentos por ela! Isso de irmãos se apaixonarem pela mesma pessoa é mais comum do que parece!-observa-Mas isso não tem que virar uma competição ou motivo para briga! Ninguém manda no coração; não é mesmo? E no final, ganha aquele que tiver o sentimento correspondido, não quem quer. Conversando você vai poder conhecer o que ele realmente sente por ela...e dependendo da resposta, saberá como agir a partir de então.

Tay-Eu só queria não criar problemas com isso, tia!-deixando escapar o comentário, seguido de um breve suspiro. Ele, então, percebe que se entregara. Meg o olhava com um terno sorriso.

Meg-Manter a harmonia tem um preço alto; não é?-afagando os cabelos dele; com um olhar meio que lhe conferia um quê de sabedoria-Não se preocupe, Tay, eu posso continuar fingindo que não sabia o tempo todo que você falava de si mesmo.

Tay-...-baixando os olhos. Ela o abraça.

Meg-Você e a Pietra são muito parecidos; sabia?-sorrindo. Taylor se encolhe, deixando ser envolvido pelos braços da boa senhora-É fácil perceber quando há algo errado com pessoas tão abertas e transparentes como vocês.

Tay-Eu já disse pra ela que somos amigos até nos problemas!-brinca; com um sorriso melancólico.

Meg-E eu tenho certeza de que também se parecem quanto à maturidade e a sensibilidade para resolver o que quer que seja.-acariciando os cabelos dele. 

Taylor afasta um pouco o corpo para olhá-la, então sorri demonstrando agradecimento. Ele sentia reconfortado com as palavras dela.

* * *

      Mariana estava deitada sobre sua cama tentando refletir sobre as palavras de Peter, a revelação que ele fizera, seus atos, sentimentos...quando ouve alguém bater na porta de seu quarto.

Mari-O que foi, Peter?-escondendo a cabeça sob um travesseiro-Me deixa ficar sozinha, por favor! Eu não estou afim de conversar de novo.-mas as delicadas batidas na porta não cessam-Por favor, Peter! Eu não quero ver ninguém!-choramingando.

-Eu sei que eu devo ser a última pessoa no mundo que você gostaria de ver, Mariana, mas eu preciso muito conversar com você...-timidamente.

     Mariana levanta a cabeça rapidamente, deixando o travesseiro cair sobre o chão. Ela estava visivelmente surpresa com a aparição de Pietra.

Mari-...O que você está fazendo aqui, Pietra?-enrugando a testa-Cadê o Peter? Foi ele quem te deixou entrar?

Pietra-...Desculpar vir até aqui e abrir a porta assim, mas...-sem graça-...O seu irmão não tem culpa! Eu insisti para ele me deixar tentar falar com você mesmo depois que ele me disse que você não queria ver ninguém.

Mari-Imagina se ele soubesse quem você é!-sentando.

Pietra-...-baixando os olhos, constrangida.

Mari-Desculpa. Eu não quis parecer sarcástica.-percebendo que havia soado assim.

Pietra-Não. Tudo bem. Você tem todo o direito de estar com raiva de mim...-Mari a interrompe:

Mari-Mas eu não quis insinuar nada com o que eu disse. Só falei aquilo porque o Peter acabou de saber o que aconteceu entre Isaac e eu, e se soubesse que você é a garota com quem ele me traiu, não teria deixado você chegar até aqui.

Pietra-...Ainda bem que eu não me identifiquei assim.-arrisca a brincadeira, sorrindo timidamente. Mas logo o sorriso desaparece ao ver que Mariana continuava séria-Será que eu posso entrar?

Mari-...-pensativa-Acho melhor não, Pietra...Eu não estou me sentindo bem agora...

Pietra-Por favor, Mariana.-com olhar de suplica-Eu prometo que não vou tomar muito do seu tempo. Eu nem posso ficar muito aqui. Daqui a pouco tenho que ligar para o meu primo vir me buscar...

Mari-...-ela levanta da cama, caminhando até a porta e abrindo por completo para que Pietra entrasse. Esta o faz.

Pietra-Obrigada, Mariana.-virando para olhá-la. Mariana fecha a porta-O seu cachorro é uma gracinha! Ele nem latiu comigo! O Tay uma vez me disse que ele era arisco e temperamental!-tentando ser simpática.

Mari-O Snoopy não gosta do Taylor. Ele tem essas implicâncias às vezes! Mas pelo visto, ele gostou de você.-com expressão neutra.

Pietra-É...que bom!-ainda desconcertada com aquela situação.

Mari-Você disse que precisava conversar comigo. É sobre o que eu estou pensando?

Pietra-É, sim.-sem saber por onde começar.

Mari-Foi o Isaac que te mandou até aqui; não foi?

Pietra-Não. Não. Pelo contrário !Ele me fez prometer hoje no parque que não procuraria você para tentar explicar o que aconteceu, nem defendê-lo! Ele nem sonha que eu estou aqui! Aliás, sobre o que você viu no parque hoje...A gente não tem nada um com o outro, Mariana! Eu juro pra você! Nós só saímos juntos porque tínhamos que comprar o presente da Sabrina, sobrinha da Linda; e eu o abracei porque queria ir para o Manhattan Mall e depois de fazer doce dizendo que não, ele aceitou ir para lá. Mas a culpa foi minha!-falando tão rápido que Mari até deixou escapar um sorriso, pois Pietra estava engraçada falando e gesticulando ao mesmo tempo-Do mesmo jeito que ele me beijou para eu calar a boca ou quando eu ajudei a Sabrina a manter uma mentira e ele fingiu ser meu marido...Mas o Isaac te adora! Ele nunca quis te magoar!-parando para respirar.

Mari-E eu que pensei que era a única que conseguia falar com tanta rapidez!-comenta; sorrindo. Ela percebe que Pietra não estava à vontade e tenta melhorar um pouco o clima.

Pietra-Falei rápido; né?-também sorrindo; sem jeito-...É que eu estou nervosa...Não sabia como você me receberia; o que falaria; se me ouviria...Eu queria ter vindo conversar com você antes, mas era tudo tão recente que eu achei melhor esperar. Daí você nos viu no parque hoje e o Isaac tentou conversar mas vocês não se acertaram...Eu tinha que conversar com você o mais rápido possível, antes que você ficasse com ainda mais raiva de mim e achando coisas que...-Mariana a interrompe:

Mari-Eu não estou com raiva de você, Pietra.-a surpreendendo.

Pietra-...Não?-enrugando a testa.

Mari-Não.

Pietra-Mas...Eu achei que...Você não está falando com o Isaac e...eu estou envolvida em toda essa história...-confusa.

Mari-Claro que eu não gostei de saber que o meu namorado beijou outra garota; não gostei de como descobri tudo isso...muito menos sobre a quantidade de vezes em que vocês se beijaram...-Pietra baixa os olhos-...mas dentre os dois, era o Isaac quem deveria ter tido consideração por mim, Pietra. Nós duas nos conhecemos, mas não chegamos a ser amigas...-Pietra a interrompe:

Pietra-Mas isso não significa que eu não tenha consideração por você, Mariana. E é por isso que eu estou aqui. Eu tinha que me explicar e falar que eu nunca fiz nada pensando em te magoar. Nós não somos amigas...até porque nos conhecemos há pouco tempo e só agora estávamos começando a ter mais contato por causa das saídas e encontros que tivemos; mas eu já tenho um carinho por você desde quando a Larita falava sobre você pra mim...Confesso que até senti um pouco de ciúme da amizade de vocês logo que conheci a Larinha!...Mas sempre tive vontade de ser sua amiga também.-voltando a olhar para ela, mordendo de leve o lábio inferior-O que houve entre o Isaac e eu foi um erro...

Mari-...Você não tem que me explicar nada, Pietra. Foi ele quem te beijou.

Pietra-Mas...eu correspondi.-com os olhos marejados; envergonhada-Eu não posso deixar que o Isaac leve toda a culpa sozinho. Tudo bem, ele me beijou. Mas eu o beijei de volta...Desculpa.-com voz embargada.

Mari-...-comovida com a atitude e as palavras dela.

Pietra-Eu sei que o que aconteceu não tem volta, mas eu juro pra você que se pudesse fazer com que nada disso tivesse acontecido, fazer com que o Isaac nunca tivesse me beijado, eu o faria sem hesitar. Se eu soubesse que estaria aqui hoje, diante de você sem saber como olhar nos seus olhos de tanta vergonha, que estaria me sentindo tão mal e culpada, talvez desejasse nunca tê-lo conhecido.

Mari-E nunca ter se apaixonado por ele; não é?-Pietra a olha com certo espanto.

Pietra-...er...Não, Mariana. Eu não...-totalmente sem graça-Eu não estou apaixonada pelo Isaac.-com um sorriso nervoso-De onde você tirou isso?

Mari-Se você quer ser honesta comigo, Pietra, pode começar por isso.-se aproximando dela-Não precisa fingir...-olhando pra ela de forma compreensiva-Pode falar. Eu não vou te condenar por isso. Pelo contrário. Tudo o que eu mais quero é que as pessoas sejam honestas comigo!

Pietra-...-baixando a cabeça.

Mari-Você está apaixonada; não é?-insistindo.

* * *

        Zac já estava ficando tenso pela demora no trânsito. Já estava perto do prédio de Emily, mas seu carro movia em menor velocidade do que os ponteiros de seu relógio de pulso. Emily, ao contrário dele, ficava ainda mais feliz quando encontravam algum semáforo fechado para eles ou mais congestionamento.

Emily-Eu estou adorando ser sua colega de trabalho, Zac!-sorrindo-Nós dois na mesma empresa, mesma sala...-com olhar malicioso-Vou poder ficar pertinho de você todos os dias!-Zac estava tão concentrado no trânsito estudando os atalhos que poderia pegar para fugir do engarrafamento; parecia nem ouvir o que Emily dizia. O sorriso dela murcha-Zac! Zac!-tentando chamar a atenção dele.

Zac-Ahn?-desviando rapidamente o olhar para ela.

Emily-Eu estava falando com você.-chateada.

Zac-Desculpa, Emily. Eu não ouvi.

Emily-Pensando na sua namorada; é?-emburrada.

Zac-Eu penso o tempo todo nela mas agora eu estou pensando em como chegar rápido até a sua casa.-voltando a olhar para a direção.

Emily-Para minha casa; é?-maliciosa-Vai querer subir um pouquinho? Eu vou ficar lá sozinha...-fazendo manha.

Zac-Eu quero chegar rápido lá para deixar você e ir pra casa da Lara logo em seguida. Eu estou atrasado.-não percebendo a malícia dela. Emily fecha a cara, morrendo de raiva.

“O que ele viu naquela mosca morta? Que ódio!! Ela só pode ter feito algum feitiço para deixá-lo tão idiota e cego dessa maneira!”- pensa, passando a olhar para a janela ao seu lado para esconder sua expressão de raiva.

      O celular de Zac, que estava sobre a pasta dele em cima do banco traseiro do carro, começa a tocar.

Zac olha rapidamente para o espelho retrovisor a fim de verificar se era mesmo o seu telefone que tocava.

Emily-É o seu, Zac.-confirmando com certa indiferença.

Zac-...Deve ser a Lara!-murmura. 

          Emily ouve. Os olhos dela voltam a brilhar.

Emily-Eu atendo pra você, Zac.-fingindo solidariedade, já virando o corpo para tentar pegar o aparelho.

Zac-Não. Não precisa, Emily!-respondendo rapidamente; prevendo que teria problemas se fosse mesmo sua namorada do outro lado da linha.

Emily-Ai, Zac! Por que não? O que tem demais em eu atender pra você?-sonsa.

Zac-Não precisa atender, Emily.-reafirmando; olhando para ela esperando que ela virasse o corpo para sentar direito.

Emily-Ok. Tudo bem.-bufando-Mas vamos mesmo ter que aguentar isso tocando sem parar?-irritada.

Zac-...-o telefone para de tocar. Zac a olha-Não mais.

       Ela vira o rosto, voltando a ficar emburrada.

“ Tenho certeza que era a traça de livros! Droga! Droga! Droga! Eu queria ver o que ela diria ao saber que eu estou com o namoradinho dela agora!”-pensa-“Mas pelo visto ele não quer que ela saiba disso!”

* * *

Lara-Será que aconteceu alguma coisa com o Zac?? Já era para ele ter chegado aqui!-pondo o telefone de volta no gancho; sentando sobre o sofá-Ele não ligou; não atende ao telefone...-preocupada. 

     Lara olha para a mesa da sala de jantar com uma expressão tristonha: ela havia preparado um jantarzinho para o namorado e a mesa estava delicadamente posta para criar um clima romântico para a refeição. Lara suspira; ligando a tv para tentar se tranquilizar e passar o tempo. Ela queria se convencer de que não tinha com o que se preocupar.

Lara-...Não pensa besteira, Lara! Não aconteceu nada de errado! Daqui a pouco ele aparece ou liga...Ele só está um pouco atrasado.-fala para si mesma, mordendo o lábio inferior ao olhar para o relógio na parede e constatar que já passava das nove horas da noite.

      Ela boceja. Estava com muito sono por ter dormido mal a noite passada. Mas apesar do sono, sua crescente preocupação com o atraso do namorado a mantinha acordada.

* * *

Mari-Por isso a irritação quando o Isaac diz te ver apenas como uma criança; o copo quebrado na Lótus quando ele me pediu em namoro e seu sumiço pouco tempo depois disso. Antes eu não havia ligado as coisas, mas depois de sábado eu vi como tudo esteve o tempo todo bem na minha frente e eu parecia ter sido vendada! Não sei como consegui ser tão cega!-Pietra olha para Mari.

 Mariana percebe que uma lágrima rolava pelo rosto de Pietra.

Pietra-...Eu não queria, Mariana. Eu não queria...Só Deus sabe o quanto eu venho lutando contra isso que eu estou sentindo pelo Isaac!-desabafando.

Mari-...Eu sei, Pietra. Eu acredito em você.-sensibilizada.

Pietra-E eu sei que não devo me iludir porque eu não tenho nenhuma chance com o Isaac; até porque, como todo mundo sabe, ele me considera uma garotinha recém saída do jardim de infância...e porque ele gosta de você, Mariana. Eu vim aqui para conversar com você ciente de que isso não vai nos tornar amigas...E nem posso te censurar se você não quiser falar comigo depois de eu ter confessado que correspondi aos beijos que o Isaac me deu e sobre estar apaixonada por ele...Mas eu queria que você soubesse que eu sentiria muito se isso acontecesse. Eu só te peço que você ouça o que o Isaac tem pra te dizer; conversa com ele...Vocês podem se acertar novamente...Eu juro pra você que me afasto dele, que nunca vou fazer nada para atrapalhar o namoro de vocês dois...Mas por favor, dá uma oportunidade para o Isaac! Ele te adora! Está sofrendo bastante com essa situação! Conversa com ele...-com olhar de suplica.

Mari-Em primeiro lugar, Pietra, o Isaac e eu não temos mais volta. Disso eu tenho certeza absoluta.-Pietra abre a boca tencionando falar algo, mas Mariana retoma a palavra já prevendo o que ela falaria-Eu sei que ele gosta de mim. Não duvido disso. Mas não é por mim que ele está apaixonado...Nunca foi.

Pietra-Ele te pediu em namoro e...-Mari a interrompe:

Mari-E o meu erro foi ter dito “sim” a esse pedido. Nós nos conhecemos pouco; eu estava carente, ele também...Nós confundimos tudo, Pietra; nos precipitamos...e deu no que deu! Antes mesmo de me pedir em namoro ele já havia beijado você! Ele estava ficando comigo quando te beijou pela primeira vez! Talvez eu tenha sido o refúgio dele.

Pietra-Refúgio?-sem entender.

Mari-Você não percebe? O Isaac só começou a me namorar porque queria se enganar e fingir que estava apaixonado por mim, quando o verdadeiro interesse dele era você!-a encarando.

Pietra-Ahn?? Eu??-surpresa-Claro que não, Mariana! Isso não tem nada a ver!-com um sorriso nervoso, de forma a denunciar sua incredulidade.

Mari-Ele está apaixonado por você, sim, Pietra.

Pietra-Eu sei que você deve estar pensando isso porque ele me beijou...mas não tem nada a ver! Ele mesmo falou isso pra você hoje no parque! Todo mundo sabe que se ele pudesse, me adotaria e me daria boas palmadas por me julgar uma garotinha irresponsável!

Mari-Mas todo mundo também já deve estar percebendo que isso de bancar o pai, o protetor, é a maneira que ele encontrou para disfarçar o fato de falar sobre você o tempo todo, estar sempre arrumando pretextos para se aproximar de você...

Pietra-Ele disse alguma coisa pra você? Ele falou que está apaixonado por mim?

Mari-Não. Não falou. Na verdade, ele nega.

Pietra-Tá vendo?

Mari-Do mesmo jeito que você pensou em negar para mim que está apaixonada por ele, Pietra!

Pietra-...Mas...mas eu não queria falar porque...porque eu achava que você ficaria com raiva de mim se soubesse; que ficaria pensando que eu me aproveitei da situação e aceitei que o Isaac me beijasse livremente...-timidamente-Eu temia que você nunca me desculpasse e que as coisas entre nós duas se tornassem piores...

Mari-E ele não confessa pelo mesmo motivo, Pietra. Talvez no início ele achasse mesmo que gostava de mim, mas eu tenho certeza de que no fundo, no fundo, ele sempre gostou de você desde o começo! Quis evitar por você ser mais nova; prima do melhor amigo dele; ter sido aluna dele...Então começou a namorar comigo: uma pessoa por quem ele desenvolveu um certo carinho, mas que não foi suficiente para impedir que o sentimento que ele nutria por você continuasse a crescer! A partir de então, ele tentou lutar ainda mais contra o que sentia porque ele tinha namorada...mas essas coisas não seguem o nosso desejo. Se fosse assim, a vida seria bem mais fácil; não é?

Pietra-Com certeza! Eu que o diga!-murmura.

Mari-Eu entendo que você ache que as minhas especulações são absurdas, mas agora eu consigo ver tudo claramente!

Pietra-...Eu queria ouvir o que você está me dizendo e ficar feliz, Mariana, mas não. Eu não sei se devo me iludir a esse ponto! E nem sei se é certo falar disso com você! Eu contei que gosto do Isaac porque não ia conseguir mentir pra você, mas eu quero que isso nunca chegue aos ouvidos dele ou de qualquer outra pessoa!

Mari-Você acha mesmo que isso precisa ser dito para que alguém saiba que você está perdidamente apaixonada por ele?

Pietra-...É tão visível assim?-preocupada.

Mari-Se eu, que não sou tão próxima, percebi, talvez as pessoas que te conhecem a fundo já tenham percebido bem antes de mim!

Pietra-...Ai meu Deus! Nem me fala uma coisa dessas!-cobrindo o rosto com as mãos-Eu morro de vergonha se o Isaac um dia sonhar com isso! Pelo amor de Deus, Mariana, promete que não vai falar nada disso pra ele?? Eu te imploro!-perturbada com a mínima possibilidade dele vir a descobrir que ela está apaixonada-Ele vai me achar uma ridícula!

Mari-Não vai, não, Pietra.

Pietra-Claro que vai!-preocupada-Será que o Matt também percebeu? Ele nunca me pentelhou por causa disso mas...E se ele tiver comentado algo com o Isaac?? E a Larita? Será que ela também desconfia disso e comentou com o Zac, que pode ter falado com o Isaac...-já surtando. Mariana acaba rindo.

Mari-Calma, Pietra! Você não dá tanta bandeira assim! Eu acho que exagerei quando disse que seus amigos íntimos podem ter percebido há mais tempo. Antes eu até achava que você e o Taylor tinham alguma coisa! Acho que isso é que foi senso comum durante um tempo. Até sábado para mim, para ser mais específica.

Pietra-Só que o que você disse faz sentido! Porque o Tay descobriu os meus sentimentos pelo Isaac muito antes! Ele praticamente notou bem no início mesmo!-apreensiva-Só ele sabia, Mariana! Nem para a Larita eu contei! E olha que não foi fácil guardar dela as histórias dos beijos!

Mari-Assim como o Taylor, a Lara também teria guardado dos seus segredos a sete chaves, Pietra.

Pietra-Eu sei! Não tenho dúvidas disso! Confio muito nela! Mas não queria fazê-la ter que esconder algo de você. Ainda nem conversei com ela sobre isso, mas espero que ela compreenda o fato de eu ter escondido tanta coisa dela...-tristonha-Eu não queria envolvê-la! Eu ia até falar pra você desculpar o Tay por ele não ter te contado sobre os meus beijos com o Isaac...Mas ainda bem que vocês estão bem novamente! Você não sabe como fiquei feliz ao ver vocês dois juntos no parque! Fiquei tão aliviada quanto agora que estou conversando com você! Não posso pedir que você confie em mim e nem esperar que queira ser minha amiga...Até porque acho que agora isso nem seja mais possível.-baixando os olhos.

Mari-Por que não, Pietra?-fazendo Pietra voltar a olhá-la-Por que eu não poderia ser sua amiga?Porque você está apaixonada pelo meu namo...ex-namorado...e guardou isso de outra amiga? Porque é tão íntegra que seria incapaz de jogar toda a culpa em outra pessoa para posar de vítima? Porque vem até aqui para defender o cara que você ama e fazê-lo reatar o namoro com outra se isso o fizesse feliz?-Pietra tinha duas sorrateiras lágrimas percorrendo ambas as faces. Mariana as enxuga com ternura-Eu não te culpo por nada. Muito menos tenho que te desculpar por alguma coisa, Pietra. Você não me fez nada. Pelo contrário! Você chegou aqui na hora certa. E sabe por quê?-Pietra balança levemente a cabeça em sinal de “não”-Porque eu estava aqui analisando toda essa história...e eu percebi o quanto estava sendo intransigente. Eu nunca poderia ter julgado o Taylor por não ter me contado o seu segredo porque eu sei que ele não contaria para você um segredo meu se eu pedisse pra ele. Eu não devia ter falado tanta bobagem para ele, para você...e até mesmo para o Isaac!

Pietra-Você não falou nada demais para mim, Mariana.

Mari-Falei, sim, Pietra. Hoje mais cedo no parque, eu insinuei que você e o Isaac estavam se agarrando; fui sarcástica...Fiz você vir até aqui quando eu é quem devia ter ido te pedir desculpas por ter te feito pensar que eu estava com raiva de você quando, na verdade, eu só fiquei chateada no início mas depois entendi que só havia uma pessoa de quem eu deveria ter raiva...Aliás, não ter raiva, mas...estar decepcionada, magoada...-respirando fundo-É engraçado como a gente passa a ser mais condescendente com os outros quando sabe que fez algo semelhante! Ironia do destino ou não, agora eu me sinto culpada, envergonhada...-Pietra enruga a testa. Mariana percebe que ela não entendia a que ela se referia-Eu sei que eu beijei o Taylor na noite da exposição, Pietra. Eu sei que o beijei enquanto namorava o Isaac e nem sonhava que ele algum dia tivesse feito o mesmo.-Pietra se surpreende ao ouvir aquilo.

Pietra-Como assim você sabe? Você lembrou? Ou alguém te disse?

Mari-Você já sabia; não é?

Pietra-...-sem jeito-Sabia.

Mari-O Taylor contou pra você. -com sorriso sarcástico-Claro!

Pietra-...É...Mas...Ele contou pra você também? Vocês conversaram sobre isso?

Mari-Não. Ele não me contou nada. Quando eu fui conversar com ele sobre o que havia feito quando estava bêbada, ele escondeu isso de mim. Acho que ele gosta de fazer isso!-brinca.

Pietra-Mas ele não queria que você soubesse porque temia que você se sentisse mal por tê-lo beijado...ainda mais tendo namorado, Mariana! O Tay não fez por maldade! Ele só não queria que você se chateasse. Não fica com raiva dele.

Mari-Eu não fiquei, Pietra.-com um sorriso terno-Achei muito fofo o que ele fez! Ele se preocupou em como eu reagiria, cuidou de mim, manteve discrição quanto a tudo que eu fiz na noite da exposição depois que eu exagerei na bebida...Não estou com raiva dele. Nem poderia! Na verdade, eu agora nem sei como olhar para ele! Estou tão envergonhada! Principalmente porque eu o vinha tratando tão mal antes, e agora descubro que esse tempo todo ele só estava tentando me poupar...-mordendo o lábio inferior-Eu devo desculpas a ele, Pietra. O Taylor tem sido um ótimo amigo para mim.

Pietra-Que bom que vocês estão conseguindo enxergar um ao outro sem aquela implicância do início!-também sorrindo-Fico muito feliz mesmo! O Tay gosta muito de você!

Mari-Eu sei.-sorrindo-E eu descobri que também gosto muito dele.

Pietra-Você já disse isso pra ele?

Mari-..Não com essas palavras, mas eu estou tentando.-brinca. Pietra ri.

Pietra-Um dia você consegue.

Mari-...Não sei...É estranho, mas...Eu sinto como se tivesse construído uma barreira entre nós dois; entende? Às vezes eu não consigo dizer ou fazer certas coisas com ele...Vou te confessar uma coisa, Pietra...Eu não sei bem o porquê, mas o Taylor tem o poder de me intimidar; ele me desarma e eu me sinto vulnerável e exposta...E embora eu tente construir mil barreiras ou ficar na defensiva, não consigo com ele por muito tempo.

Pietra-Mas isso é bom, Mariana! Você não precisa se manter na defensiva! Assim você acaba se afastando de pessoas que gostam de verdade de você.

Mari-Eu sei...Eu não era assim. Não era mesmo. Mas depois da morte dos meus pais a minha vida mudou tanto! Eu me vi sozinha no mundo com um irmão menor para cuidar...Os “amigos” das horas felizes se mostraram nada amigos nas horas difíceis e eu tive o apoio de poucas pessoas, e estas valem muito pra mim! Mas desde então, eu tenho medo de enfrentar a dor da perda novamente! Tenho medo de sofrer outra vez! Então eu tento cuidar das pessoas que eu amo e...-desviando o olhar para o lado-...tento afastar quem se aproxima, manter distância de quem eu tenho medo de gostar demais.-sentando à cabeceira da cama.

Pietra-E você não acha que isso é perder também?-Mari a olha-Não é pior perder as pessoas quando elas ainda estão entre nós? Manter distância das pessoas que te rodeiam e que se importam com você não vai trazer de volta quem você perdeu, Mariana, só vai deixá-la mais triste e sozinha.-sentando ao lado dela.

Mari-Eu sei. Eu sei.-com os olhos marejados-Eu estou tentando voltar a ser como antes! Principalmente por causa de pessoas como Taylor...como você.

Pietra-...-sorrindo comovida-Como eu?

Mari-Uhum.-balançando a cabeça positivamente-Desde que eu te conheci, também quis ser sua amiga, Pietra. A Larinha sempre me falou de como você é animada, cheia de vida, feliz...Queria ter alguém assim por perto.

Pietra-Já tem, então.-sorrindo. Mariana também sorri.

Mari-Obrigada por ter vindo até aqui. Se antes eu já não tinha nada contra você, agora o que eu sinto é admiração e carinho. Você mostrou ter muita consideração por mim e eu valorizo isso.

Pietra-E você me deixou falar; ouviu tudo sem me julgar...Valeu muito a pena ter vindo! Se eu soubesse que tudo acabaria assim, teria vindo no sábado mesmo!-sorrindo.

Mari-Talvez no sábado a conversa não tivesse sido tão boa!-brinca. Pietra ri.

Pietra-Era tudo muito recente mesmo.

Mari-O que importa agora é que de algo triste duas coisas boas aconteceram: eu pude sedimentar a minha amizade com o Taylor...e pude me aproximar de você.

Pietra-E eu me sinto lisonjeada pelo seu voto de confiança.-sorrindo; mas logo voltando a ficar tristonha-Mas e quanto ao Isaac? Você vai desculpá-lo?

Mari-...-pensativa.

Pietra-Eu tenho tanta culpa no que aconteceu quanto ele, Mariana! Por favor, dá uma chance para ele se desculpar pelo que fez!

Mari-...Depois de saber que eu beijei o Taylor, dessa conversa que estamos tendo, eu nem sei mais o que estou sentindo em relação ao que o Isaac fez, Pietra. Eu ainda estou chateada, mas não da forma que estava antes...Agora eu estou me sentindo injusta e culpada também...Ainda nem acredito que isso tudo está acontecendo comigo!

Pietra-Por isso mesmo vocês têm que conversar para tentar resolver de vez essa situação e acabar com o clima pesado que ficou entre a gente. Você vai aceitar conversar com ele?

Mari-...-pensativa-...Vou, Pietra. Não se preocupa. Eu não vou mesmo conseguir fugir disso a vida toda. E nem quero! Eu posso estar chateada com o Isaac, mas não posso negar que ele é muito importante pra mim.-Pietra sorri.

Pietra-Obrigada!

Mari-Não precisa agradecer.-sorrindo-Você me ajudou bastante hoje.

Pietra-Você que me ajudou. Tirou um peso das minhas costas!

Mari-Agora só falta eu tirar o peso das minhas então.

Pietra-Vou ficar torcendo para que você consiga, Mariana.

Mari-Pode me chamar de Mari, Pietra. É assim que os meus amigos me chamam.-doce. Pietra sorri.

Pietra-Tudo bem, então...Mari. Mas desde que você me chame de Pi ou Pê quando quiser. Combinado?-estendendo a mão para ela. Mariana olha para a mão de Pietra estendida, mas em vez de pegá-la, abraça a nova amiga.

Mari-Combinado, Pi.-a abraçando carinhosamente.

       O celular de Pietra, que estava no bolso da frente do casaco dela, começa a tocar. As duas acabam rindo por ter se assustado.

Pietra-Deve ser o meu primo Matt. Ele já deve estar lá embaixo me esperando.-pegando celular e consultando o visor-É ele.-confirmando-Tenho que ir, Mari.

Mari-Já? Achei que você fosse ligar para ele quando quisesse ir.

Pietra-O Matt não vive sem mim!-sorrindo-Com certeza bateu saudade e ele se adiantou pra vir me pegar.-brinca; levantando. Mari faz o mesmo.

Mari-Foi ótimo ter tido essa conversa com você...Pi.-sorrindo.

Pietra-Agora só falta você conversar com o Isaac.

Mari-...-perdendo parte do sorriso-...Pode deixar. Eu vou.

Pietra-Tchau, então.-tencionando abraçá-la como despedida.

Mari-Eu te levo até a porta.-Pietra sorri em agradecimento.

        As duas seguem até a sala, onde Peter via tv enquanto acariciava a barriga de Snoopy que estava sobre suas pernas. Pietra se despede dele, do cachorrinho e de Mariana, deixando o apartamento logo em seguida.

Mariana fecha a porta ao vê-la entrar no elevador, virando-se para Peter. Ele a olhava erguendo um pouco os braços em sinal de inocência.

Peter-Eu não tive culpa, Mari. Ela insistiu bastante...Eu não tive como dizer “não” para ela.-sorrindo maroto-Ela é muito gata!

Mari-Ahhh! Entendi então por que foi tão difícil assim dizer “não” pra ela!-sorrindo-Eu quis matar você quando a vi lá no quarto, mas agora...Obrigada por ter se rendido ao charme da Pietra.-brinca.

Peter-Pelo visto ela te fez bem, hein?-feliz ao vê-la sorrindo.

Mari-...É aquela velha história, Peter: não há males que não venham para o bem! Agora deixa eu ir para o meu quarto. Hoje não foi um dia fácil! Quero dormir para não pensar em mais nada...pelo menos não por hoje. Eu estou com dor de cabeça. Vou tomar um remédio e só quero apagar agora.

Peter-Boa noite, então, Mari.

Mari-Obrigada, Peter.-se aproximando dele e o beijando no rosto-Boa noite para você também. E para o Snoopy também, né, Snoopy?-afagando a barriguinha dele, que balança o rabinho.

Peter-Durma bem.

Mari-...Espero conseguir mesmo.-com um sorriso cansado.

       Mariana vai para seu quarto e se joga na cama para tentar dormir. Tarefa nada fácil quando um pensamento ou alguma lembrança atropela outra e outra...e a cabeça está a mil.

* * *

Pietra-Voltou rápido da casa da Ellie, Matt! O que foi? Vocês brigaram? Ela descobriu que você é muito chato e te expulsou da casa dela?-brinca-Achei que eu deveria ligar quando quisesse ir embora, não você.-abrindo a porta do carro do primo para entrar.

Matt-Eu não fui para a casa da Ellie ainda, pentelhinha.-assanhando o cabelo dela; sorrindo.

Pietra-Ai, Matt! Para!-empurrando a mão dele; rindo-Parece o Isaac!

Matt-Tá felizinha, hein?

Pietra-...Estou mesmo.-sorrindo.

Matt-Eu fiquei aqui esperando. Pensei que assim que te visse, a Mariana não quisesse falar com você, mas pelo visto me enganei, não foi?

Pietra-Você ficou aqui fora esperando esse tempo todo?

Matt-Fiquei. Achei que você fosse voltar rápido.

Pietra-Conversei com a Mari, Matt.-sorrindo-Foi uma conversa franca e importante para esclarecer muita coisa.-visivelmente contente.

Matt-Mari? Humm!! Ficaram amiguinhas; foi?-zoando.

Pietra-Bobo!-rindo-Ficamos, sim. Algum problema?

Matt-Problema nenhum! Agora o Ike é que não vai ficar tão feliz: são duas unidas contra ele.-brincando.

Pietra-Há. Há. Há. Engraçadinho!-irônica-Nenhuma palavra para ele sobre a minha visita à Mari; está ouvindo? Se você contar, vou deixar você estéril!

Matt-Nossa! Quanta agressividade!-ligando o carro-Não vou falar nada. Se alguém me perguntar para onde te levei esta noite, eu falo que fomos ver seu pediatra.-implicando.

Pietra-Pediatra cuida de marmanjo sem “elefantinho” também?-dando um tapinha no braço dele, que ri.

Matt-Fica sossegada, Pi, eu não conto para o Ike que você veio até aqui. Pode deixar.-sério.

Pietra-Valeu, Matt. Obrigada por isso e também por ter me trazido até aqui.

Matt-Às ordens, madame.-sorrindo-O que eu não faço pela preservação do meu elefantinho!-brinca. Eles riem.

Pietra-Vamos, vai. Me deixa logo em casa e vai ver a Ellie. Ela deve estar te esperando.-sorrindo.

Matt-É bom ver você sorrindo assim, Pi.-também sorrindo.

Pietra-Eu estou me sentindo muito bem, Matt...Não sei...Eu sinto como se hoje fosse o ponto de partida para que as coisas boas comecem a surgir no meu caminho...-aninhando-se sobre o banco do carona, olhando para o movimento nas ruas pelas quais passavam. Matt olha de soslaio e sorri.

* * *

             TINDON TINDON!- a campainha do apartamento de Lara toca.

       Lara, que acabara dormindo enquanto via televisão, acorda assustada pelo barulho. Ela passa as mãos pelo rosto, levantando rapidamente para atender a porta.

Lara-Zac! Graças a Deus!!-o abraçando forte ao vê-lo-Eu já estava ficando preocupada!!-relaxando o corpo ao tê-lo ali. Ela estava realmente aliviada!

Zac-Desculpa pelo atraso, amor.-comovido pela aflição dela.

Lara-Por que você não me ligou avisando que ia se atrasar tanto assim?-se soltando dele para olhá-lo-A gente combinou isso; lembra?

Zac-Eu sei, Lara, mas...-sem graça-Eu não pude...

Lara-Eu comecei a pensa um monte de besteira...Achei que tivesse acontecido alguma coisa ruim com você...E para completar, você não atendeu quando eu liguei para o seu celular!

Zac-Eu estava dirigindo, amor.

Lara-Por que você demorou tanto assim, hein? Pôxa! Eu fiquei muito preocupada mesmo!

Zac-...-pensando se deveria ou não comentar sobre Emily ser sua colega de trabalho e a respeito da carona que dera para ela-...er...Na verdade, eu demorei porque...porque eu fiquei muito tempo parado no trânsito. Foi isso, amor.-omitindo o motivo maior de sua demora-Mas pode ficar tranquila que da próxima vez eu dou um jeito de avisar para você; tudo bem assim?-fofo.

Lara-...Eu só desculpo você porque pelo menos você seguiu direitinho o que eu pedi na mensagem.-sorrindo marota.

Zac-Mensagem? Que mensagem?-enrugando a testa.

Lara-Não brinca, bobo!-mexendo nos botões do terno dele; sorrindo-Eu pedi pra você vir de terno e você veio.-ele sorri, esquecendo de questionar sobre a tal mensagem que ela mencionara.

Zac-Gostou, é?-sorrindo safado.

Lara-Adorei!-puxando-o pela gravata para que ele entrasse; sorrindo. 

         Zac enlaça um dos braços em torno da cintura dela, segurando a Hello Kitty da namorada com a mão livre. Eles se beijam. Zac empurra a porta com um dos pés, fechando-a. Lara envolve o pescoço do namorado com seus braços, acariciando a nuca dele. Os dois se beijavam calmamente até que Zac intensifica seus movimentos. Mas Lara logo interrompe o beijo e se afasta dele para poder olhá-lo.

Lara-Mas me conta, amor; como foi no trabalho? Gostou?-se empolgando ao lembrar do que ela estava esperando ansiosamente para saber. Ele sorri. Lara o puxa por uma das mãos para sentar no sofá.

Zac-Eu gostei muito, Lara! As pessoas lá foram muito legais comigo. O meu orientador é um senhor bastante competente e simpático! Todos me trataram muito bem!

Lara-Que bom, Zac!-sorrindo-E você acha que se saiu bem no primeiro dia?

Zac-Eu não fiz muita coisa, amor. O senhor Martin basicamente tentou usar o dia de hoje para explicar como funcionava a empresa, mostrar alguns arquivos...Mas ele até chegou a me elogiar!-com um sorriso tímido.

Lara-Sério?!-ele faz que “sim” com a cabeça-Que lindo!-o abraçando-Estou muito orgulhosa do meu super-namorado!-sorrindo. Ele também sorri.

Zac-E o “super-namorando” não ganha mais um beijo?-inclinando o corpo sobre o dela, maroto.

Lara-Mas eu já te dei um.-sonsa; se afastando dele para provocá-lo. Zac sorri.

Zac-E você acha que eu vou passar a noite aqui e me conformar com um beijo só?

Lara-Você vai passar a noite aqui?-continuando com o joguinho; levantando para fugir do cerco que ele tentava fazer.

Zac-Eu pensei que tivesse sido convidado.-segurando um dos braços dela impedindo-a de fugir; fazendo-a sentar sobre o colo dele.

Lara-Zac!-rindo do gesto inesperado do namorado; dando um tapinha no peito dele, que ri.

Zac-Eu não deixo você fugir de mim.-sorrindo.

Lara-A minha Kitty!-finalmente notando a sua Hello Kitty de pano ao lado de Zac-Ai que saudade dela!-tencionando pegá-la. Zac tira a Hello Kitty de perto dela, pondo sobre a poltrona ao lado do sofá em que eles estavam sentados-Ow, Zac!-olhando para ele fazendo manha.

Zac-Se eu soubesse que você ia ficar mais animada ao ver a big head do que a mim, eu não a teria trazido hoje.-brinca.

Lara-Por que você demorou tanto para trazê-la de volta?

Zac-Porque eu já estava acostumado a puxar as orelhas dela todas as noites antes de dormir.-zoando. Lara faz cara de indignada.

Lara-Eu não acredito, seu malvado!-dando tapinhas em um dos braços dele .Zac segura as mãos dela.

Zac-Fui ou não convidado para dormir aqui, Lara?-voltando ao assunto; com um sorrisinho no canto da boca.

Lara-Bem que o meu pai diz que os garotos são perigosos antes, durante e depois que conseguem o que querem.-brinca; dando um selinho nele. Zac ri-São cheios de segundas intenções...

Zac-Se eu fosse uma garota e crescesse ouvindo coisas assim sobre garotos, eu teria medo deles.-rindo.

Lara-Você tem alguma dúvida de que essa era a intenção dele?-brinca. Eles riem-Na verdade, ele só não quer que eu sofra, Zac...Eu sei que ele se sente mal quando eu estou mal; sabe? Se uma boneca quebrasse e eu ficasse triste, isso era algo que ele podia resolver se comprasse outra. Se eu tirasse nota baixa na escola e chorasse...-Zac a interrompe:

Zac-Minha namorada certinha.-implica; sorrindo. Lara mostra a língua para ele.

Lara-Eu era meio nerd, sim, seu chato! Qual o problema?

Zac-Era?-sorrindo maroto. Lara aperta os olhos e balança a cabeça com ar de reprovação.

Lara-Chato!-beliscando a barriga dele. Zac ri-Como eu estava dizendo, se eu tirasse nota baixa na escola, ele chegava mais cedo em casa do trabalho e me ajudava a estudar, me ensinava pacientemente as matérias e depois me levava para tomar sorvete mesmo eu achando que não merecia...Enfim. o que eu quero dizer é que ele sempre tenta me ajudar e faz de tudo para que eu nunca fique triste ou desapontada...Mas quando o assunto é ‘garotos’, amor, namoro, ele não pode fazer muita coisa para parar qualquer dor que eu venha a sentir por causa disso; entende? Não é como comprar um brinquedo; dar sorvete ou contar histórias com finais felizes.

Zac-Entendo.-olhando-a com ternura; acariciando o rosto dela.

Lara-Acho que ele preferiria que eu fosse freira, mesmo que por causa disso ele e a mamãe não pudessem ter netinhos.-rindo. 

Zac-Mas e quem disse que eu já consegui o que queria de você?-procurando as mãos da namorada e entrelaçando as suas mãos às dela de forma carinhosa.

Lara-Ah não?-sorrindo.

Zac-Não.

Lara-E posso saber o que você quer de mim, Zac?

Zac-Apesar de eu ser cheio de segundas, terceiras, quartas intenções com você...-sorrindo safado. Lara ri; escondendo o rosto sobre o peito dele-...o que eu mais quero é ter o seu coração para sempre.-fofo. Lara levanta o rosto para voltar a olhá-lo.

Lara-Você já tem, bobo.-sorrindo.

Zac-Pra sempre?-maroto.

Lara-E um dia a mais.-encostando sua testa a dele.

Zac-Só um?-manhoso. Ela ri; beijando-o logo em seguida. 

        Lara brincava com a gravata de Zac enquanto este se aproveitava do fato de ter a namorada sentada sobre suas pernas para deslizar as mãos pelas coxas dela.

Lara-As suas mãos são incontroláveis, Zac!-interrompendo o beijo; olhando para ele sorrindo.

Zac-E isso é ruim?-sorrindo safado.

Lara-...-enrubescendo; baixando os olhos.

Zac-Nem precisa responder.-levantando carinhosamente o rosto; maroto.

Lara-Para de fazer pergunta cuja resposta você já conhece, chato!-dando um tapinha no ombro dele, que ri do jeitinho tímido dela.

Zac-Eu sei que você acha ruim que as minhas mãos sejam incontroláveis .Desculpa. Já parei.-levantando as mãos; sorrindo cínico. Lara aperta os olhos e entreabre a boca com ar de indignação.

Lara-Engraçadinho!-beliscando a barriga dele. Zac curva o corpo; rindo.

Zac-Então você gosta?-safado.

Lara-...Eu não vou responder.-voltando a ficar vermelha.

Zac-Viu? Não gosta.-sorrindo; implicante.

Lara-Para!-rindo.

Zac-Ué! Mas eu não fiz nada! As minhas mãos nem estão mais se movendo!-sonso.

Lara-Eu não disse para as suas mãos pararem.

Zac-Hum! Quer dizer que você não quer que elas parem?-sorrindo.

Lara-Eu quero que você pare de ser chato!-rindo.

Zac-O que custa você dizer que gosta?-insistindo; com um sorriso travesso.

Lara-O que custa você parar de querer me deixar vermelha, hein?-ele ri.

Zac-Eu?-cínico.

Lara-Implicante!

Zac-Pervertida!

Lara-Eu? Pervertida??-rindo-Mas eu nem disse que gostava!

Zac-Mas falou para eu não parar.-sorrindo.

Lara-Eu falei que, naquela hora, não havia pedido parar de me tocar, mas sim parar de implicar comigo. Mas foi a correção para a sua interpretação ao meu “para”, não foi mesmo um incentivo para que você continuasse.-disfarçando o sorriso no canto da boca.

Zac-Não vai falar?

Lara-Não.

Zac-Não precisa dizer uma frase completa como “Zac, eu gosto quando as suas mãos me tocam” ou algo do tipo, só precisa dizer sim.-sorrindo.

Lara-Não vou falar nada! Não vou falar nada! La la la la la la-cantarolando. Ele ri.

Zac-Ah não?-tentando se fazer ameaçador.

Lara-Não!-já rindo do jeito com o qual ele tentava fingir seriedade.

Zac-Está certo.-pondo as mãos atrás das costas. Lara enruga a testa; rindo.

Lara-O que foi? Vai pedir para eu escolher uma das mãos?-brinca.

Zac-Não. Só não vou te tocar enquanto você não confessar que adora o fato das minhas mãos serem incontroláveis quando estão perto de você.-com um largo sorriso.

Lara-Até parece!-rindo.

Zac-Duvida?

Lara-Claro.

Zac-Elas já estão imóveis, Lara.

Lara-...Você não vai tocar em mim?-o encarando; percebendo que ele falava sério.

Zac-Com as mãos, não.-sorrindo-Mas com os lábios, pode.-inclinando o corpo para frente para beijá-la.

        Nisso, o telefone na sala começa a tocar. Lara ri da expressão de desapontamento do namorado.

Lara-Você vai me tocar antes mesmo que eu diga o que você quer ouvir.-levantando do colo dele com um sorrisinho maroto.

Zac-Não mesmo, mocinha.-Lara ri, se apressando para atender ao telefone.

Lara-São os meus pais com certeza!-tirando o telefone do gancho-Alô?!-abrindo um lindo sorriso ao ouvir a voz do outro lado da linha: era sua mãe-Eu sabia que eram vocês, mãezinha!(...)-Zac a olhava, sorrindo-Eu estou bem, sim. E vocês?(...)Que bom, mãezinha! E o papai?(...) Ele está se alimentando direitinho ou continua trabalhando muito e esquecendo da saúde?(...)Não tem jeito, né?Deixa eu falar com ele!

Zac-Diz para o sogrão que eu estou com saudade.-brinca.

Lara-Shiii!-fazendo sinal para que ele não falasse nada; tapando o bocal do telefone. Mas havia sido tarde demais, pois Paul escutara um barulho-Oi, paizinho!-sorrindo-Não. Não tem ninguém aqui comigo!-cruzando os dedos ao mentir-É a tv, pai.(...)Também estou com saudade!(...)Pode deixar. Quando vocês virão me visitar novamente?(...)-Lara perde um pouco do sorriso-Ah!-lamenta-(...)Eu entendo.Tudo bem.-resignada-(...)Também amo você. Beijos.(...)Tchau, paizinho. Manda beijo para a mamãe.(...)Pode deixar. Eu digo para ele.-olhando para Zac com um sorrisinho maroto-(...)Não. Não, pai.Ele não vai vir para cá hoje.Já está tarde!-cruzando os dedos atrás das costas novamente. Ela desvia o olhar do namorado para um ponto qualquer da sala, pois Zac balançava a cabeça com ar de reprovação e sorriso safado no rosto para implicar com ela-Eu quis dizer que vou falar com o Zac amanhã quando o vir, pai.

Zac-Tsc, tsc, tsc.-Lara dá as costas para ele, disfarçando o riso.

Lara-(...)Eu tenho juízo. O senhor sabe.(...)Beijo. Estou morrendo de saudade!(...)Eu também.(...)Também amo vocês. Tchau.-desligando o telefone.

Zac-Você só vai me ver amanhã, Lara?-zoando.

Lara-Meu pai mandou eu te dizer para não se preocupar porque a próxima visita não será surpresa.-fingindo não ter ouvido a provocaçãozinha dele. Zac sorri.

Zac-E quando eles virão?

Lara-Eles não sabem.-se aproximando do sofá em que Zac estava sentado-Talvez só no dia de ação de graças. Mas nem é certeza.-tristonha.

Zac-...-percebendo o sorrisinho melancólico dela-Vem cá, vem.-levantando para abraçá-la.

Lara-É tão difícil morar longe deles!

Zac-Eu sei. Eu sei.-acariciando os cabelos dela.

Lara-...-olhando para ele-Você está me tocando?-abrindo um sorriso travesso.

Zac-...er...-se afastando dela-Foi só um lapso momentâneo. Não vai mais acontecer.-pondo as mãos para trás das costas.

Lara-Meu pai ia adorar ver isso.-rindo.

Zac-Você é que não vai gostar depois de um tempo.-com um sorriso vitorioso.

Lara-Há. Há. Há. Pretencioso! Quem foi que disse?

Zac-Vamos ver, então.-desafiando.

Lara-Vamos sim.

Zac-Quando você não aguentar, é só dizer você-sabe-o-quê.-maroto.

Lara-Senta e espera.-o empurrando para que ele caísse sentado sobre o sofá. Ela  inclina o corpo sobre o dele quase a ponto de tocar seus lábios com os dele. Zac começa a respirar com dificuldade e tem seus batimentos cardíacos acelerados quando ela senta de frente sobre seu colo-Eu vou servir o jantar.-sussurrando próximo aos lábios dele de modo sedutor. Zac quase não resiste e tenciona segurar a namorada para impedir que ela levantasse, mas mantém o controle. Lara sorri ao vê-lo com cara de bobo.

Zac-O que você fez com a minha namorada?

Lara-Eu fiz?-rindo-Você fez!-caminhando em direção a cozinha. Zac levanta do sofá para segui-la, sorrindo.

Zac-Você não falou para os seus pais que nós avançamos mais um passo na nossa relação; não é?-Lara olha para trás; rindo.

Lara-Ótimo eufemismo. Eles achariam que nós ficamos noivos ou algo do tipo, não o que você realmente quis dizer com isso.-ele ri-A gente “dá mais um passo na nossa relação” e a úlcera do meu pai também.-mexendo nas panelas do fogão.

Zac-Seu pai tem úlcera?

Lara-Não.-rindo. Zac enruga a testa-É que sempre que ele quer fazer chantagem emocional comigo, diz que eu vou fazê-lo ter uma. Ele brinca que já até sente as pontadas.-eles riem.

Zac-Seu pai é uma figura, Lara!

Lara-É. É sim.-sorrindo.

Zac-E ele tem uma filha muito linda.-se aproximando dela; sorrindo.

Lara-E essa filha dele tem um namorado muito bobo.-encostando-se à pia para lavar as mãos. Zac a encurrala estendendo os braços para tocar na pia-Você não quer tomar banho antes do jantar?-fingindo indiferença com a proximidade dele.

Zac-Eu vim de terno como você pediu. Achei que você quisesse tirá-lo.-malicioso.

Lara-Mudei de ideia. As suas mãos estão desocupadas: podem muito bem fazer isso sozinhas.-o encarando. Zac sorri; colando seu corpo ao dela e começando a beijar-lhe o pescoço. Lara se arrepia toda-Isso não vale, Zac!-se contorcendo; sorrindo.

Zac-Minhas mãos não estão te tocando.-sussurra ao pé do ouvido dela, logo mordendo-lhe o lóbulo da orelha. Lara segura a gravata dele, puxando-a para tentar controlar os espasmos que sentia quando Zac beijava a parte do colo à mostra pelo decote da roupa dela. Ela fecha os olhos.

Lara-Isso não vale, Zac.-com a voz fraca. Zac sorri.

Zac-Vai falar?-parando o que fazia e olhando para ela; implicando.

Lara-...-abrindo os olhos-Chantagista.

Zac-Teimosa.

Lara-Vai tomar banho, vai, Zac.-escapando do cerco dele com um sorrisinho no canto da boca-Você não trouxe roupa?

Zac-Deixei a mochila dentro do carro.

Lara-Então você desce, pega; sobe; toma banho e a gente janta. Enquanto isso, eu fico lendo o novo livro que aluguei lá na biblioteca.-sorrindo vitoriosa.

Zac-Você não vai ceder?

Lara-Você quer ouvir algum cd?-sorrindo cínica.

Zac-...-sorrindo; balançando a cabeça com ar de reprovação-Você vai ver, Lara, eu vou te pegar.

Lara-Pode vir. Eu deixo você me pegar.-piscando o olho pra ele; rindo. Zac também ri.

Zac-Vou lá pegar a minha mochila.-dando as costas e deixando a cozinha. Lara sorri ao ouvir o barulho da porta sendo aberta e fechada logo em seguida.

Lara-Ai meu Deus! Como eu amo esse garoto!!-toda boba; suspirando.

* * *

       Taylor chega em casa. Todas as luzes estavam desligadas, o que quase o faz cair logo após adentrar o local.

Tay-Ike? Zac?-ligando a luz da sala para que pudesse andar com segurança. Nisto, ele não ouve nenhuma resposta dos irmãos, mas uma música que vinha do corredor dos quartos da casa-Não estou sozinho.-conclui; pondo suas chaves de casa e do carro sobre a mesinha de centro. Ele vai até a cozinha para guardar os muffins que Meg havia mandado para Zac e para Isaac-Tia Meg...-lembrando dela com um terno sorriso.

         Taylor estava cansado, então sai da cozinha em direção a seu quarto.

A música passa a ficar ainda mais audível. Ele reconhece se tratar do cd do Lifehouse que havia emprestado para Isaac .E ao se deslocar mais ainda pelo corredor, ele confirma que o som vinha do quarto do irmão mais velho.

Taylor respira fundo ao lembrar das palavras de Meg.

Tay-Ela tem razão. Talvez a melhor solução seja conversar com o Ike sobre o que eu sinto.-parando em frente a porta do quarto de Isaac, que estava entreaberta-Conversa com ele. Descobre o que ele sente pela Mariana. Só assim você tira logo essa garota da cabeça e o sentimento de culpa vai embora.-fala para si mesmo.

“I can't be losing sleep over this, no, I can't

And now I cannot stop pacing

Give me a few hours and I'll have this all sorted out

If my mind would just stop racing...”

        Taylor bate à porta antes de entrar. Isaac, que estava em pé, andando de um lado para outro com visível inquietação, abre a porta por completo ao perceber que Taylor estava ali.

        O som não estava muito alto, então ambos podiam ouvir um ao outro perfeitamente.

Tay-Oi.-um pouco sem jeito.

Ike-Oi, Tay. Onde você estava? O Zac foi pra casa da Lara?

Tay-Não sei. Ele não está?

Ike-Não.

Tay-Então o mais provável é que ele esteja mesmo lá.

Ike-E você?

Tay-Eu estava na casa da Pi.

Ike-...-sentiu o coração bater estranhamente descompassado ao ouvir o nome dela-...Você foi vê-la?Foi direto da faculdade para lá?

Tay-Fui sim.

Ike-Ficou com ela todo esse tempo?-desconfortável; mas tentando disfarçar.

Tay-Não. Ela não estava em casa quando cheguei lá. Fiquei esse tempo todo conversando com a tia Meg. Ela estava sozinha em casa, então fiz companhia para ela. Tia Meg até me fez jantar lá!-sorrindo-E mandou muffins para você e para o Zac.

Ike-A Pietra não estava? E para onde ela foi?-nem ouvindo as palavras finais do irmão.

Tay-Não sei, Ike .Nem a tia Meg sabia.

Ike-...-emudecendo. Taylor percebe que Isaac ficara preocupado.

Tay-Mas a tia Meg disse que ela não ia demorar. Acho que o Matt deu carona para ela.

Ike-Eu já falei pra maluquinha que ela tem logo que aprender a dirigir para não ficar andando por aí sozinha de ônibus ou a pé...Muito menos depender da carona dos amiguinhos inconsequentes dela! Aposto que se o Matt não desse carona para ela, ela sairia do mesmo jeito! Para onde será que ela foi?Espero que ela não vá se meter em confusão!

Tay-Calma, Ike. A Pietra é muito ajuizada. Ela não se mete em confusão.

Ike-Queria acreditar nisso também.

Tay-Ela já deve ter chegado em casa. Fica sossegado.

Ike-...-passando as mãos pelos cabelos; sentando sobre a cama.

Tay-Legal vocês terem consertado as coisas...Depois de sábado, eu achei que esse clima de guerra nunca fosse acabar.

Ike-Eu devia desculpas a ela. Fui injusto e grosso com a Pietra. Pena que não consegui me acertar com a Mari...

             Mais uma vez, Taylor lembra do conselho de Meg.

Tay-...Ike.-fazendo o irmão olhar para ele-...er...Eu queria conversar com você.

Ike-Pode falar, Tay. Quer que eu desligue o som?-tencionando levantar-O que é? Parece sério.-percebendo que Taylor estava tenso.

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