sábado, julho 28, 2007

Capítulo 50

Oi, florzinhas!!!!!!!!
Bem, primeiro deixa eu falar que não passei no teste prático do DETRAN!=/Mas foi por besteira. Eu estava muitooo nervosa que fui entrar no carro já chorando e tremendo!Era um festival de reprovações e eu ficando por último.Até que um deficiente físico da minha auto escola passou.Fiquei tão feliz e emocionada que quando fui parabenizá-lo comecei a chorar e não parei mais!Que mico!!hahaha

Cheguei bem pertoooo, mas na hora de sair da baliza(eu nem acreditava que tinha conseguido fazer a tal baliza e que faltava apenas dar uma volta na rua para conseguir a caretira!) minha perna tremia...eu voltei a ficar nervosa(a minha primeira avaliadora, um anjo diga-se de passagem, me acalmou durante todo o percursso até a baliza, que foi quando ela saiu p/ me deixar sozinha no carro)e acabei não fazendo o mais fácil: sair da bendita baliza.

Vocês acreditam que eu chorei antes, mas qdo reprovei comecei foi a rir?hahaha Eu estava tão nervosa que ter terminado ali mesmo sem a carteira foi um alívio enorme!

Bem, mas agora já estou familiarizada com o esquema do teste, então rezem por mim porque semana que vem lá vou eu de novo!hahah Dessa vez, eu espero, sem choro! lol

Ahhhh e quanto a minha prova-bomba de literatura inglesa: tirei 8!!!!!ÊÊÊ!Nem acreditei!

Bem, vou deixar vocês lerem logo o capítulo.
Desculpa novamente pela demora, mas teve a chateação pela reprovação no DETRAN, um livro de quase 200 páginas para fazer uma resenha; uma entrevista para a disciplina de didática...fora o niver da minha mãe e outras coisinhas aqui. Mas, se Deus quiser, fim de semana que vem tem outro capítulo novinho em folha!

Beijãooooo!
Obrigada por toda a força; os e-mails; scraps; a participação na comu da fic...Por TUDO!Vocês são demais!

Ahhh quem quiser que eu avise das atualizações da fic por e-mail, é só deixar um recadinho aqui com o endereço do e-mail, viu?

Quem quiser me add no msn: larah00@hotmail.com Vou adorar conversar!

Ahhh e só para lembrar: quem tiver orkut e quiser entrar na comu de FIL é só entrar aqui:

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm


Pleaseeee, comentem!!Amooo os comments de vocês!
=*********
Boa leitura!
Lara

P.S.: Antes da música da caixinha de música começar, passa uma propagandinha, mas a música toca, viu? Quem não conseguir ouvir, por favor, me avisa porque pode ser problema.hahaha



Cap. 50



Mari-Fala, Taylor. Você sabia o tempo todo que o seu irmão estava me traindo?-repetindo a pergunta com mais indignação. Estava na expressão de constrangimento de Taylor a resposta, mas Mariana queria ouvir o que ele tinha para falar àquele respeito para ter certeza se entendera bem.
Tay-...Mariana, eu...Eu soube ontem...-sem saber por onde começar a se justificar.
Mari-Claro! O Isaac tinha que se vangloriar para alguém do grande feito dele: me fazer de boba sem muito esforço; não é?-sarcástica-E ninguém melhor do que você para fazer as vezes de ouvinte já que desde o começo eu sou seu desafeto!
Tay-Você não é meu desafeto, Mariana. Concordo que tivemos desentendimentos no começo, mas eu pensei que fossemos amigos agora. O que houve com o nosso acordo de amizade?
Mari-O que houve?-sorrindo ironicamente-Eu também pensava que fossemos amigos. Que ingênua eu fui!
Tay-Eu sou seu amigo, Mariana.-dividindo a atenção entre olhar para ela e para a direção do carro.
Mari-Amigo? Você se considera mesmo meu amigo? Pelo que eu sei, amigos não traem a confiança um do outro! Amigos não escondem coisas que o outro deveria saber...Se você é meu amigo, Taylor, eu não preciso de inimigos!
Tay-Eu não podia te contar, Mariana. Eu não era a pessoa certa para isso...
Mari-Ah sim!-irônica-As pessoas certas o fizeram da melhor maneira hoje.
Tay-Eu sei que você está chateada...o que é totalmente compreensível...mas eu não posso ser penalizado por isso. Eu não tive culpa do que aconteceu hoje...aliás, ninguém teve.
Mari-Ninguém teria culpa se nada disso tivesse acontecido! Se não houvesse beijo algum e eu não tivesse descoberto que tenho que tomar cuidado com aqueles que chamo de “amigo”.-o encarando.
Tay-Você não está sendo justa. Eu não tinha o direito de contar para você algo que me foi dito para ser guardado em segredo.
Mari-Hoje eu percebi que o forte da sua família é guardar segredos. Talvez porque seja mais interessante fazer uma reuniãozinha para revelá-los.-debochada-Quer dizer...se é que todos já não sabiam e eu era a única desatualizada sobre a formação de mais um novo casal na cidade.-ressentida-A Lara também sabia de tudo?
Tay-Não. Ninguém sabia, exceto eu. Você sabe que o Isaac e a Pietra jamais fariam algo com intenção de te constranger...-ela o interrompe:
Mari-Sei mesmo? Então eu ouvi errado? Eles não se beijaram...3 vezes?
Tay-Mas só um beijo ocorreu após vocês começarem a namorar, Mariana.-lembrando.
Mari-Ah! Você também acha que isso apaga o fato do seu irmão ter me traído? Acha que eu devo pensar que só um beijo...um beijinho inofensivo...é perfeitamente aceitável?-sarcástica-Então se eu beijasse um outro alguém mesmo namorando o seu irmão você também acharia que o fato de ter sido só um beijo minimizaria tudo?
Tay-Eu não quis dizer isso...Mas já que você colocou as coisas sob esse ponto de vista...Eu procuraria ouvir você antes de julgá-la...-lembrando-se do beijo que ela lhe dera-Às vezes fazemos coisas movidos pelo impulso, como parece ter sido o caso do Isaac; assim como sob efeito de álcool, como você estava ontem, você também poderia ter feito algo que julgasse errado...
Mari-O que você já me garantiu que eu não fiz.-o encarando-A menos que eu esteja realmente certa quanto a achar que não devo confiar em você. Aliás, em nenhum dos irmãos Hanson...quer dizer...não sei se o Zac merece ser incluído nisso. Espero que a Larinha tenha mais sorte que eu.
Tay-Você não pode fazer generalizações assim, Mariana.
Mari-Desculpa se eu costumo ser sincera com as pessoas, Taylor.-com ar de deboche.
Tay-Eu não acredito que eu tinha a intenção de ajudar e acabei despertando raiva em você!
Mari-Eu é que não acredito que algum dia eu cheguei a sentir por você qualquer coisa contrária a isso, Taylor.-tirando o cinto de segurança-Para o carro, por favor.
Tay-O quê?-olhando para ela; enrugando a testa.
Mari-Eu quero descer, Taylor.
Tay-Descer? Mas...Eu vou te levar em casa, Mariana.
Mari-Você pretendia dar um passeio pelo Central Park; não é? Eu não quero atrapalhar os seus planos.
Tay-Eu planejei que nós dois fôssemos lá para conversar.
Mari-Acho que conversamos mais do que o necessário.
Tay-Você me julgou e condenou mais do que o necessário, você quer dizer.
Mari-Para o carro, Taylor, por favor.-insistindo.
Tay-Esquece o Central Park então. Eu te levo direto para a sua casa...
Mari-Não. Não precisa. Eu quero ficar sozinha.
Tay-Deixa disso, Mariana. Eu te levo.
Mari-Por favor, Taylor, faz o que eu estou pedindo...Eu não quero mais discutir com você.
Tay-Eu prometo que não falo mais nada a respeito do que aconteceu hoje. Nós podemos falar das suas aulas de fotografia que começarão segunda-feira...-tentando melhorar o clima entre eles.
Mari-Eu não quero conversar sobre nada. Eu só quero ir pra casa...sozinha. Por favor...-o olhando com uma expressão decidida.
Tay-...-mesmo contrariado, Taylor para o carro próximo a calçada. Apesar de não querer deixá-la ali, ele não queria continuar insistindo para que ela aceitasse sua carona. Mariana estava chateada, nervosa...se ela queria ficar sozinha, talvez fosse melhor mesmo que assim ficasse.
Mari-Obrigada, Taylor.-fria; abrindo a porta do carro para sair.
Tay-...De nada.-lançando um olhar de reprovação para ela enquanto Mariana também o olhava quando fechava a porta do veículo após sair do mesmo.

Taylor a segue com os olhos; vendo-a se afastar e sumir ao dobrar ao fim da rua em que ele a deixara.

Tay-Você tinha que abrir essa boca grande, Taylor! Agora ela está chateada com você e tudo porque você fala demais!-passando as mãos do rosto até os cabelos, tentando controlar a raiva que sentia de si mesmo.





* * *




       Quando Emily chega em casa após ter deixado Linda na dela, Victor a esperava em seu quarto, sentado sobre a cama da irmã olhando pensativo para um ponto fixo do local.
Ao abrir a porta de seu quarto, Emily se surpreende com a presença do irmão ali.

Emily-Victor! O que...o que você está fazendo aqui?
Victor-Estava esperando por você, Emily.
Emily-Mas você não poderia ficar me esperando no seu quarto?-aproximando-se dele; falando um pouco exaltada.
Victor-E correr o risco de você fugir da conversa e se trancar aqui para não ouvir o que você sabe que eu tenho para falar? Fora de cogitação.
Emily-Você não tem o direito de entrar assim no meu quarto, Victor! Eu não te dei permissão para fazer isso! Você sabe que eu DETESTO que entrem no meu quarto sem que eu esteja presente ou dê permissão para que o façam na minha ausência. Isso é invasão de privacidade!
Victor-Eu também não te dei permissão para entrar no meu quarto e mexer nas minhas coisas, mas você sempre o faz! Ou você esqueceu que você mesma deixou escapar uma vez que entrou no meu quarto e fuçou os números gravados no meu telefone para saber para quem eu havia dado a última ligação daquele dia? Que eu saiba, isso é invasão de privacidade, maninha.-sarcástico.
Emily-Você não mexeu nas minhas coisas; mexeu?-ignorando a alfinetada do irmão por subitamente lembrar-se de que ele poderia ter mexido em suas coisas para dar o troco-Fala, Victor!-agitada.
Victor-Claro que não, Emily!-um tanto indignado com aquela pergunta-Quem faz esse tipo de coisa é você, não eu.
Emily-Não mexeu em nada? Nadinha?-o encarando.
Victor-O que foi? Por que você está tão alterada? Por acaso você guarda algum segredo aqui que ninguém pode saber?-intrigado-Alguma coisa que você tem medo que alguém descubra?
Emily-Segredo?...-tentando disfarçar sua expressão atordoada-...Claro que não! De onde você tirou isso, Vi?-forçando um sorriso e abrandando a voz-Que ideia!
Victor-Você ficou pálida quando me viu aqui, Emily; depois se exaltou achando que eu mexi nas suas coisas...O que você está escondendo, hein?
Emily-Eu não escondo nada, Victor! Não tem segredo aqui dentro. Eu só não gosto que mexam nas minhas coisas! Isso é perfeitamente normal e justifica o modo com o qual eu reagi ao te ver aqui.
Victor-Eu também não gosto que mexam nas minhas coisas, mas você não respeita isso.
Emily-Vai querer começar uma discussão por causa disso? Eu assumo que errei, mas não vou mais fazer; ok?-acalmando-se; respirando aliviada ao passar os olhos pelo quarto e não perceber qualquer sinal de que Victor tivesse mesmo mexido em seus pertences.
Victor-Não. Não quero discutir...-se desfazendo de seu ar inquisidor-...pelo menos não sobre isso.
Emily-E sobre o que então?-cruzando os braços e revirando os olhos como se já estivesse saturada de tanta conversa.
Victor-Você já deve imaginar sobre o que, Emily.-levantando da cama, se posicionando de frente para ela.-Você não tem vergonha do que fez esta noite?
Emily-Vergonha? Do que eu fiz? Eu não fiz absolutamente nada de que tenha que me envergonhar, Victor.-cínica.
Victor-Dar em cima de um cara comprometido a ponto de criar um clima estranho entre ele e a namorada é “nada” para você?
Emily-Eu não tenho culpa se eles têm desentendimentos porque a namorada dele não confia em si mesma. Não tenho culpa se ela tem ciúmes de mim. Pobrezinha! Talvez ela já tenha percebido que o Zac merece algo melhor...-sorrindo.
Victor-Às vezes eu acho que não te conheço, Emily. Você é minha irmã, mas age como se fosse uma estranha, porque eu não consigo saber quem você é mesmo convivendo com você todos os dias.-impressionado com o cinismo com o qual ela falava.
Emily-Você é que não parece meu irmão, Victor!-fingindo-se de ofendida-Eu, ao contrário de você, faço tudo para te ajudar, te ver bem...Você não devia estar brigando comigo; justo eu que tentei fazer você e a Linda se reconciliar hoje. Você viu que eu tentei fazê-los ficar bem novamente! Mas não, você nem agradece! Pelo contrário, me trata como se eu fosse uma criminosa! Muito obrigada! É isso o que recebo em troca de tentar te ajudar!-dando as costas para ele; passando as mãos pelos olhos como se estivesse secando algumas lágrimas, mas sorrindo ao sentir o irmão lhe tocar um dos ombros.
Victor-...Não fica assim, Emily...-arrependido por tê-la repreendido ao “ver” que ela “chorava”-Olha pra mim.
Emily-Você me ofendeu; sabia?-ainda de costas para ele.
Victor-...Desculpa. Eu não tive a intenção...Eu só queria que você entendesse que o Zac já tem namorada, Emy. Essa sua obsessão por ele só vai te fazer sofrer!
Emily-Você acha que eu vou sofrer, Victor, mas você não pode afirmar.-passando a olhá-lo-E se eu estiver disposta a correr esse risco? Eu estou apaixonada.
Victor-Esquece o Zac. Você não está apaixonada...
Emily-Você não sabe de nada, Victor. Eu conheço os meus sentimentos, e só eu posso defini-los. Eu estou apaixonada pelo Zac, e pouco me importa se vou ou não agradar você, mas eu vou lutar pelo que eu quero.
Victor-...-balançando a cabeça com ar de reprovação-...Tudo bem, Emily. Não vamos mais falar sobre isso. Eu já disse o que eu queria; você já ouviu; agora espero que você reflita.-sem querer correr o risco de ofendê-la novamente-Eu não quero bancar o irmão chato...
Emily-Então não se mete na minha vida sem que eu te peça para fazê-lo.
Victor-Vamos mudar de assunto então...
Emily-Concordo.-sorrindo sarcástica-O que mais você tem para falar comigo? Fala logo porque eu estou cansada!
Victor-É rápido. Não vou tomar muito seu tempo.
Emily-Então fala.
Victor-...Você foi levar a Linda em casa e...-reticente-O que vocês conversaram?
Emily-Ah, Victor! Nada demais! Você sabe que eu nunca tive muito contato com a Linda no tempo em que vocês namoravam...Eu até tentei puxar o assunto do término do namoro de vocês, mas ela não quis falar nada por eu ser sua irmã e tal...Não parecia que ela tinha coisas boas para falar sobre você.-cínica-O que você fez com ela, hein?
Victor-Eu? Eu não fiz nada...quer dizer...Acho que não.-entristecendo com o que acabara de ouvir.
Emily-Ela não gosta mais de você, Victor...Se é que um dia gostou! Quer um conselho? Parte para outra. Esquece essa garota porque ela, sim, só te faz sofrer.
Victor-Não é tão fácil assim, Emily. Eu a amo muito. Não consigo tirá-la da cabeça.
Emily-Fica assim não, Vi.-o abraçando-Você vai ver que daqui a algum tempo você esquece essa garota. Por que você não chama a Ashley para sair?...Sei lá...Sai. Vai se divertir. Você sabe que a Ash tem uma quedinha por você. Sempre teve. Quem sabe ela não possa te fazer esquecer a Linda?
Victor-Eu não posso usar uma pessoa para tentar esquecer outra, Emily.-afastando-se dela para encará-la-É errado usar as pessoas assim.
Emily-Quem não usa, Victor, acaba sendo usado.-deixa escapar um comentário.
Victor-O que você quer dizer?-enrugando a testa.
Emily-Nada. Esquece.-com um sorriso amarelo-Agora se você me der licença, eu quero tomar banho...Preciso me despir.
Victor-Tudo bem.-desolado-Desculpa por ter invadido o seu quarto sem a sua permissão...-caminhando até a porta.
Emily-Está desculpado, Victor. Só não faça novamente, hein!-sorrindo.
Victor-Fica tranquila; não o farei.-deixando o local; fechando a porta logo após sair.

       Emily mal o espera fechar a porta, corre em direção ao seu armário; o abrindo.
Por entre algumas roupas penduradas em cruzetas, sob o chão do armário, Emily pega seu precioso diário. O armário era o esconderijo do diário. O diário era o esconderijo dos verdadeiros sentimentos e ações de Emily.
Ela respira aliviada ao ver que ele continuava ali. Então senta no chão, apoiando as costas no armário, e começa a folhear seu diário como se aquele fosse um interessante livro do qual ela queria relembrar seus capítulos favoritos...



...Era só o que me faltava! Não bastasse o meu irmão estar completamente apaixonado pela garçonetezinha e eu ainda não ter conseguido bolar um plano eficiente para separar esses dois; hoje aquela idiota da Linda veio pedir conselhos para a amiguinha aqui!

O meu irmão é incompetente mesmo! Como ele pôde engravidar aquela garota?!! Agora ela está com medo de contar para ele, e quer que a irmãzinha dele pergunte, como que por acaso, o que ele faria caso a namorada ficasse grávida. Eu mereço mesmo! Que ódiooo! O Victor só me atrapalha! Agora o que eu vou fazer? Lógico que não vou comentar coisa alguma com ele! O Victor não pode saber dessa gravidez!

Vou pensar em alguma coisa...Dizer para a Linda que ele reagiu mal quando brinquei sobre o assunto; dizer que ele pediria para ela tirar a criança...Porque conhecendo o meu irmão como eu conheço, ele pularia de alegria ao saber da chegada do fedelho, daí eu nunca mais conseguiria acabar com essa palhaçada de namoro!
Bem como eu pensava! Aquela vigaristazinha só queria dar o golpe da barriga no bobo do meu irmão!
Já conversei com a Ashley e acho que tenho uma solução a caminho...Agora tenho que agir com rapidez antes que o Victor acabe descobrindo que será papai. Que ridículo!...”



       Ao ler aquele trecho, Emily fecha rapidamente seu diário.
       Ela podia lembrar como se fosse ontem como seu plano havia funcionado direitinho. Na mesma semana em que Linda lhe confidenciara que estava grávida, Emily, que já tentava envenenar a “cunhada” contra o namorado falando que ele tinha vergonha dela, arma toda uma cena no apartamento da família para que Linda “flagrasse” Ashley e Victor juntos.
Emily não podia negar que ficara feliz com o resultado de seu plano, mas ali naquele momento, relendo aquelas linhas escritas por ela mesma, sente-se estranha. Não era arrependimento, pois estava certa de que fizera o que devia ser feito; mas a carinha triste de Victor ao ouvi-la dizer que Linda não quisera falar sobre ele a fizera ver que o irmão estava mesmo sofrendo.
Ela, então, respira fundo; guardando o diário em seu armário novamente, procurando afastar aqueles pensamentos. Victor podia até estar sofrendo naquele momento, mas algum dia ele a agradeceria por tudo o que fizera...Assim ela pensava.

Emily-Eu fiz isso para protegê-lo. É o que importa.-fala para si mesma. Ela tinha plena convicção disso.





* * *





           Pouco tempo depois de Zac ter chegado em casa e ido direto para seu quarto, Taylor chega ao local.

Diana-Que bom que você voltou, filho!-o olhando ainda à porta-Como a Mariana está?-ela o esperava sentada no sofá da sala. Assim como Zac, ele parecia bem aborrecido-Aconteceu alguma coisa, Taylor?-preocupada.
Tay-Aconteceu, mãe. Eu! Eu fiz tudo errado! Abri a minha boca grande e agora a Mariana também está com raiva de mim!-desabafando.
Diana-Com raiva de você? Mas por quê?
Tay-Porque ela descobriu que eu sabia sobre os beijos entre o Ike e a Pietra e não falei nada para ela.
Diana-...-sem saber o que dizer.
Tay-Eu vou para o meu quarto, mãe. Quero tomar um banho e deitar. O dia foi cheio hoje!
Diana-O jantar já pronto. Você quer que eu esquente?-levantando do sofá.
Tay-Não, mãe. Obrigado. Eu estou sem fome.
Diana-Vocês ensaiaram isso? Os seus irmãos também disseram a mesma coisa! Vocês não podem pular as refeições assim. É isso o que vocês fazem quando eu não estou aqui?
Tay-Desculpa, mãe. Mas eu realmente estou sem fome.
Diana-Não quer nem o brownie?
Tay-A senhora se incomoda se eu deixar para amanhã?
Diana-...Não. Tudo bem.-com um sorriso resignado.
Tay-Boa noite, mãe.-a abraçando e beijando-lhe a testa.
Diana-Boa noite, filho.-soltando-se dele para que este pudesse se dirigir para seu quarto.

     A porta do quarto de Isaac estava aberta quando Taylor cruza o corredor. Isaac, que permanecia acordado justamente para ver quando o irmão chegasse, levanta de sua cama e vai até o quarto de Taylor, alcançando-o antes que ele fechasse a porta.

Ike-Tay.-segurando a porta.
Tay-Que susto, Ike!-soltando a porta para que o irmão entrasse.
Ike-Desculpa. Eu não quis te assustar.
Tay-Não tem problema...-com ar melancólico. Ele dá as costas e tira a camiseta, jogando-a sobre a cama.
Ike-...-esperando que ele falasse algo sobre Mariana. Mas Taylor vai para o banheiro de seu quarto como se nada tivesse a dizer...ou não quisesse fazê-lo. Isaac o segue-Você não vai falar como a Mari está? Você a deixou em casa, Tay...Ela está bem?
Tay-Eu não a deixei em casa, Ike.-virando-se de frente para o irmão.
Ike-Não?-enrugando a testa-Você não conseguiu alcançá-la?
Tay-Eu consegui, sim. Ela até aceitou bem a minha oferta para levá-la em casa...Isso antes de descobrir que eu já sabia que você e a Pietra haviam se beijado.-ainda inconformado por ter deixado aquilo escapar para ela.
Ike-Você sabia?-surpreso.
Tay-Sabia.
Ike-Mas...como?
Tay-Como? Você não tem nenhuma suspeita de como eu soube?
Ike-...-sorrindo ironicamente-Eu deveria ter desconfiado que ela te contaria. Lógico! Como eu não pensei nisso!
Tay-Ela me contou ontem, Ike. Mas só porque não aguentava mais carregar isso sozinha...
Ike-E hoje ela demonstrou que não aguentava mais dividir isso apenas com você.-sarcástico. Taylor o olha feio.
Tay-Eu sei que você está chateado pela maneira com a qual toda essa história veio à tona, Ike...mas isso não te dá o direito de ser cruel com a Pietra. Ela não planejou essa situação. Você sabe disso!-o encarando-Talvez você tenha sido o maior culpado por ela ter começado a tocar no assunto do beijo daquele modo exaltado. Além disso, você não sabe pelo que ela vem passando! Então eu não admito que você queira criticá-la e pôr toda a culpa do que aconteceu sobre a única pessoa que não tem culpa de nada!-aumentando o tom de voz.
Ike-...-baixando os olhos.
Tay-Desculpa. Eu...Eu me excedi.-passando as mãos pelos cabelos, tentando recuperar a calma-Mas eu acho uma injustiça que a Pi leve a culpa quando você a beijou em todas as três vezes. Ela ter correspondido ou não, não muda o fato de você ter tomado a iniciativa de todos os beijos. A Pi me contou que da última vez você estava tentando fazê-la parar de gritar, mas...o erro foi seu, Ike. Você tem namorada.
Ike-Tinha.
Tay-...-entreabrindo a boca; surpreso-...A Mariana terminou com você?
Ike-Foi o que eu entendi pelo “Sinta-se livre” que ela usou para se despedir de mim.
Tay-Sinto muito.
Ike-...-respirando fundo-Como isso chegou a esse ponto, Tay?
Tay-Fácil. A primeira vez em que você beijou a Pietra delineou todo o conflito de hoje. Você sabia que isso aconteceria cedo ou tarde, Ike.
Ike-O que eu faço agora, Tay?
Tay-Eu não sei, cara. Muita gente saiu machucada dessa história...Você, a Mariana, Pietra...Eu.
Ike-Você?
Tay-Eu também. Porque eu não suporto a ideia de saber que a Pietra está sofrendo; tê-la visto chorar...E agora porque a Mariana está achando que eu, juntamente com você, sou o maior traidor da face da Terra.
Ike-Ela falou que eu sou o maior traidor da face da Terra?
Tay-Não com essas palavras...Mas acho que as palavras que ela usou foram bem piores.
Ike-Eu não tenho mais como me explicar com ela, Tay. Eu contei o que aconteceu; tentei me desculpar...mas...Ela não vai me perdoar nunca!-arrasado.
Tay-Nem a você, nem a mim. Mas eu não tinha escolha! Eu não podia contar um segredo da Pietra e trair a confiança dela. Ao mesmo tempo, eu também não tinha o direito de me meter num assunto que só dizia respeito a vocês três. Infelizmente, nos últimos dias, eu venho tendo que guardar segredos demais...
Ike-Segredos da Pietra?-o encarando.
Tay-Não só dela.
Ike-...-baixando a cabeça; pensativo-Você acha que eu fui rude demais com a Pietra?
Tay-O que você acha?-fazendo Isaac levantar a cabeça para olhá-lo novamente-Acho que você não tem dimensão de como afetou a vida dessa garota com esses beijos, Ike. Eu não sei bem o que te levou a começar isso tudo, mas...por favor, eu te peço: para antes que ela se machuque ainda mais.
Ike-A última coisa que eu queria era machucar alguém, Tay.
Tay-Posso te fazer uma pergunta?
Ike-Pode. Claro.
Tay-Responde com sinceridade?
Ike-Se eu souber a resposta...
Tay-Você é o único que sabe.
Ike-Então pode perguntar.
Tay-Você está mesmo apaixonado pela Mariana?-olhando-o nos olhos.
Ike-...A Mari é minha namorada, Tay!-sorrindo sem jeito.
Tay-Não foi essa a minha pergunta. O que você disse eu já sei. Eu quero saber se você é apaixonado por ela.
Ike-...Eu adoro a Mari! Senti um enorme carinho por ela desde que a vi naquele hospital no dia do acidente do Peter. Fiquei realmente mexido quando a conheci, Tay.
Tay-Mas não pode dizer que está realmente apaixonado; não é?
Ike-...Não...Quer dizer...Há muito tempo eu não sei mais como me sinto, o que eu sinto...E desde então a minha vida está de pernas para o ar.
Tay-E onde a Pietra entra nisso?...na sua vida?
Ike-Na parte dela que eu menos consigo entender.
Tay-Talvez seja a mais fácil.
Ike-Não pra mim...Não posso magoar ainda mais a Mariana, Tay.
Tay-Viver uma mentira pode magoar muito mais. Pensa nisso.-batendo fraternalmente no ombro dele. Taylor entra no box do banheiro para tomar banho.

      Isaac fica um pouco pensativo; logo deixando o banheiro. Taylor observa disfarçadamente a saída do irmão. Ele sente pena de Isaac por perceber que o irmão estava mesmo confuso. Mas descobrir que Isaac não tinha certeza se estava mesmo apaixonado por ela lhe trouxera uma certa pontinha de alento; apesar de achar que isso não o ajudaria em nada, pois não mudaria o fato de Mariana não estar apaixonada por ele. E depois do que houvera àquela noite, suas esperanças estavam reduzidas a zero.
Pelo menos era isso que ele pensava.





* * *





Linda-Eu não quero ter que falar o que eu realmente sinto por você agora, Victor. É um sentimento muito feio, e mesmo você merecendo, eu me envergonho de sentir algo assim tão negativo.-tencionando dar as costas para ele, e apertar novamente o botão de acesso ao elevador.
Victor-Não é verdade, Linda.-segurando-a pelo braço, fazendo com que o corpo dela fosse de encontro ao dele. Os rostos ficam bem próximos. Os dois se encaram.

       Linda sente como se seu coração fosse sair pela boca. As pernas ficam bambas e a respiração mais intensa.

Linda-Me solta, Victor.-quase num sussurro. Os olhos estavam marejados.
Victor-Eu te amo, Linda. Por que você não acredita nisso?
Linda-Porque você só me provou o contrário...Como você quer que eu acredite?
Victor-Fala pra mim onde eu errei. Eu conserto tudo. Eu faço o que você quiser; só me fala em que eu falhei...como eu consegui te perder?-roçando carinhosamente seu rosto no dela. Linda fecha os olhos, apertando os braços dele como se quisesse se controlar para não ceder.
Linda-Deixa eu ir embora, Victor. Por favor.-arfando pelo contato do rosto dele ao seu. Ela abre os olhos, e uma lágrima corre por seu rosto.
Victor-Eu sinto tanto a sua falta...
Linda-Mas eu não sinto a sua.-sussurrando enquanto ele já quase tocava os lábios dela com os dele.

      Victor sorri, pois, apesar do que acabara de falar, ela não oferecia resistência às intenções dele. Na verdade, Linda queria se opor àquilo tudo, mas era inegável que ela ainda o amava. Este era um dos motivos pelo qual ela não queria encontrá-lo novamente desde o dia em que terminaram o namoro: tinha medo de reações como a que estava tendo naquele exato momento.
O corpo dela parecia reconhecer o dele com o mais simples toque, fazendo-a sentir como se aquele contato fosse tão vital quanto o ar que ela respirava." – Linda não conseguia parar de pensar em Victor e no quase-beijo deles. Ela quase podia sentir os lábios de Victor tocarem os seus como se vivenciasse tudo novamente.

       Ela, que estava na cozinha lavando a louça de seu jantar, sente algo molhado em sua barriga: era água que transbordava da pia da cozinha, na qual ela havia posto um tampão. De tão distraída, Linda deixara a torneira aberta.

Linda-Droga!!!-se apressando em fechar a torneira e enfiar a mão na pia para tirar o tampão para fazer a água escoar-Droga! Droga! Droga! Para de pensar nele, Linda! Para!-irritada consigo mesma-Você tem que lembrar do quanto ele te fez sofrer! Isso é o que você tem que manter sempre em mente!-enxugando as mãos em um pano de prato. Ela deixa a louça de lado e sai da cozinha, tencionando ir para seu quarto para pôr outro vestido.

É quando o telefone da sala começa a tocar: TRIM TRIM!

Linda-Quem será?!-ainda contrariada com o que acontecera. Ela se aproxima do telefone para atendê-lo-Alô?

-...-ela pôde ouvir o discreto ruído da respiração da pessoa do outro lado da linha.

Linda-Quem é, hein?-inquieta por não obter resposta alguma.

TUM!TUM!TUM!-a pessoa desliga.

Linda enruga a testa, olhando para o fone em sua mão-Deve ser a mesma pessoa que às vezes liga e também não fala nada. Mas...Quem pode ser?-ficando um pouco assustada com mais aquela ligação muda. Ela devolve o telefone ao gancho.

-TRIM TRIM!-o telefone volta a tocar assim que Linda o põe no lugar.

Linda-Alô?-já imaginando que a pessoa do outro lado da linha não fosse dizer nada.

-...Oi, Linda.-ela sente seu coração disparar ao ouvir a voz de Victor.

Linda-...Victor!?...Era...era você na ligação anterior?-surpresa.
Victor-Era.Era eu sim.-sem graça-Desculpa por ter desligado...
Linda-A ligação caiu?
Victor-Não. Eu...Eu estava tomando coragem para falar com você.
Linda-...-se comovendo com o jeito tímido com o qual ele falava-Algum problema?-fria, tentando não se deixar levar pelo sentimento e sim pela razão.
Victor-Não.-ficando ainda mais nervoso pelo modo frio com o qual ela o tratara-...Na verdade, eu liguei para ouvir sua voz.
Linda-...-ela não consegue evitar ficar com os olhos marejados-Acho que você já conseguiu o que queria; não é? Agora eu tenho que desligar...Estou ocupada, Victor.-querendo desligar logo. Não podia mais ouvi-lo, vê-lo, senti-lo...Ela tinha que esquecê-lo, não mantê-lo ainda mais preso em seu coração.
Victor-Tudo bem...-triste-Eu não quero te atrapalhar...
Linda-...Obrigada. Boa noite.-apressando a despedida.
Victor-Boa noite, Linda.-desapontado.
Linda-Tchau então.
Victor-Espera!-evitando que ela encerasse a conversa.
Linda-O que foi, Victor?-seca.
Victor-...Será que eu posso te ligar mais vezes?...Quer dizer, eu posso falar com você em vez de desligar depois que você atender?
Linda-Então era você esse tempo todo? Todas as ligações silenciosas?
Victor-Sim.-envergonhado.
Linda-Você sabia que eu quase entro em pânico quando recebo essas constantes ligações mudas, Victor? Eu pensei que fosse algum louco, um maníaco...Sei lá!
Victor-Desculpa, Linda. Eu não queria te assustar. Eu só queria te ouvir...
Linda-Não faz mais isso então; ok?
Victor-Isso quer dizer que eu posso te ligar mais vezes pra gente conversar?-sorrindo.
Linda-...Pode.-falando sem pensar; respondendo por impulso emocional-...Quer dizer...Não. Acho melhor não, Victor.
Victor-...-murchando o sorriso-Eu te fiz tanto mal assim que você não pode nem conversar comigo ao telefone?-desolado.
Linda-Eu quero tirar você da minha vida, Victor. E falar com você ao telefone não me ajudaria nisso.
Victor-Você não vai conseguir que eu saia da sua vida enquanto não conversarmos sobre o que eu fiz de tão grave para você, Linda.
Linda-Como se você não soubesse!
Victor-Não. Eu não sei. Eu já disse que não sei.
Linda-Eu não quero falar sobre isso, Victor. Nem com você, nem com ninguém! Por favor, me deixa em paz.-desligando o telefone; indignada com o que ela achava ser cinismo da parte de Victor-Você está vendo, Linda, por que não pode continuar gostando dele?! Ele consegue ser cruel quando finge que não sabe que eu vou carregar pra sempre todo o sofrimento que ele me causou! Cínico!-secando as lágrimas que corriam por seu rosto-Por que eu tenho que amá-lo tanto, Deus? Por quê?




* * *



        Lara havia ido dormir bastante cedo, já que todos os acontecimentos desagradáveis daquele dia a deixaram com dor de cabeça. Mas esses mesmos acontecimentos pareciam incomodá-la até durante seu sono. Lara rolava pela cama, num sono intranquilo. A expressão do rosto dela carregava um misto de angustia e medo...Ela estava sendo atormentada por um pesadelo.


“Eu vejo que você é uma garota muito responsável, não é?...Vejo também que...-silenciando; tocando firmemente cada linha das mãos dela.” – aquelas palavras, a voz da velha cigana que um dia lera sua mão ecoavam dentro da cabeça de Lara enquanto ela via a si mesma em uma casa de espelhos nos quais a imagem refletida era o rosto da tal senhora.

“...Vejo também que a chegada de uma pessoa mudará a sua vida, e você vai se ver diante de um desafio...-passando a olhar Lara nos olhos-...Vai ter que deixar de lado o seu senso de responsabilidade, de certo e errado, para evitar que mais lágrimas sejam derramadas. Ouça seu coração; não o deixe sofrer.”

Lara podia ouvir nitidamente cada palavra dita pela cigana como se ela estivesse falando bem ao seu ouvido.

“Tudo o que posso lhe dizer é que...-fechando as mãos dela lentamente-...Se você fizer as escolhas certas, não terá que temer o futuro...O seu destino é você quem faz.-terminando a previsão com o mesmo sorriso enigmático com o qual se aproximara deles.”

O rosto da senhora aparecia destorcido no reflexo do espelho, causando imagens confusas e assustadoras. Lara estava com medo; presa na casa de espelhos, ela procurava por uma saída.

Lara-...Não. Por favor, me tira daqui.-se revirando de modo desesperado-Por favor! Eu estou com medo! Eu quero voltar! ME TIRA DAQUI!!-ela abre os olhos; sentando rapidamente. Lara suava, embora seu quarto estivesse frio. Ela ofegava. Estava muito assustada-Ai meu Deus!-pondo a mão sobre o peito, tentando respirar normalmente-Foi só um pesadelo...-se acalmando um pouco ao ver que estava em seu quarto...em sua cama.

        Lara permanece ali sentada por alguns instantes a fim de se refazer do susto. Ela estava agitada; sabia que não dormiria novamente com tanta facilidade.
Pensou em Zac. Como queria que o namorado estivesse com ela naquele momento!
      Lara levanta cuidadosamente da cama e se encaminha até o interruptor do quarto, acendendo a luz. Ela passeia os olhos pelo local como se ainda não acreditasse que não estava na casa de espelhos de seu pesadelo.
   Ao voltar para a cama, ela pega um livro sobre sua mesinha de cabeceira. Era “As Viagens de Gulliver” de Jonathan Swift. Fazia duas semanas que ela começara a lê-lo, mas não havia terminado ainda. Lara queria se distrair para não pensar no que sonhara...

Lara-Parecia tão real...-murmura; inquieta.

      Ela abre o livro e começa a lê-lo para afugentar a sensação ruim que sentia. Tinha sorte pelo dia seguinte ser domingo e não precisar acordar cedo, pois, como ela previra, demoraria para adormecer outra vez.




* * *





       Matt surge à porta do quarto da mãe para lhe desejar boa noite. É então que Meg faz sinal para que ele falasse baixo; indicando Pietra, que dormia com a cabeça repousada sobre suas pernas.
Matt entra cuidadosamente no quarto; aproximando-se das duas.

Meg-Ela veio para cá e acabou adormecendo.-acariciando os cabelos da sobrinha; sorrindo ternamente.
Matt-Ela está melhor?
Meg-Vai ficar bem.
Matt-Fiquei com inveja da pentelha agora.-com um sorriso maroto-Posso dormir aqui com vocês?
Meg-Igual como quando morávamos no Brasil e a Pietra ia dormir lá em casa?-sorrindo.
Matt-Exato. Pode?-com carinha de pedão.
Meg-Claro que sim, querido.-batendo sobre a cama para que ele deitasse ao seu lado. Matt sorri e o faz; aninhando-se ao lado da mãe, encostando sua cabeça sobre o peito dela.
Matt-Boa noite, mãe.-beijando-lhe uma das mãos; erguendo um pouco o corpo para beijar a cabeça da prima.
Meg-Boa noite, Matt.-desligando o abajur.




* * *




        Quando Mariana descera do carro de Taylor e seguira sozinha seu caminho para casa, ela não conseguia parar de pensar em tudo o que havia acontecido àquele dia. Ela, então, decide caminhar lentamente a fim de que pudesse melhorar o rosto inchado pelo choro para que Peter não a visse daquele jeito.
Para sua sorte, Peter já dormia quando ela chega em casa. Apenas Snoppy a recebe à porta.

Mari-Ow, meu amor!-pegando-o nos braços. Ele balança o rabinho animadamente. Ela caminha com ele nos braços até seu quarto, tomando cuidado para não acordar o irmão.

       Chegando ao quarto, ela põe Snoopy de volta ao chão.
Mariana estava cansada. Queria apenas um bom banho e cama.
É então que Snoopy começa a latir para algo no chão. Ele rosna e treme como se quisesse atacar.

Mari-Shiii! Para, Snoopy!-temendo que ele acordasse Peter, que dormia no quarto ao lado-O que foi, amor?-aproximando-se dele. Snoopy latia para uma das fotos de Mariana com Taylor tiradas no dia da festa no apartamento dos garotos. Mariana segura o cachorrinho com uma das mãos, apanhando a foto com a outra. Snoopy continuava rosnando. Mari teve vontade de rir daquilo-Só você mesmo pra me fazer rir, Snoopy! Você não gosta mesmo dele; não é?-olhando para o sorriso de Taylor na foto-Ele é feio! Muito feio!-pondo a foto dentro da gaveta de sua escrivaninha; assim Snoopy pararia de latir-É melhor você guardar as suas energias para quando o vir pessoalmente; certo? Mas ó, tem que fazer melhor do que da outra vez; ouviu?-erguendo o animalzinho para olhar seu rosto. Ele parece concordar com o movimento do rabinho.

     Mariana volta a colocá-lo no chão; caminhando para o banheiro de seu quarto. Ela não tinha mais vontade de chorar, mas em compensação tinha um forte aperto no peito que ela não queria sentir. Era estranho, mas parecia estar mais chateada pela omissão de Taylor do que pela traição de Isaac.
Ela se sente estranha ao pensar que estava com ciúmes da amizade que Taylor tinha com Pietra.

Mari-Não. Não é ciúme!-afastando aquilo da cabeça-Eu não tenho ciúmes dele! Claro que não!-falando para si mesma-Ele que seja amigo de quem quiser! Eu não ligo! Sou eu quem não quer ser amiga ou qualquer outra coisa de alguém que esconde algo importante de mim!-Mariana procura se convencer disso, mas sua raiva era não estar sentindo tanta raiva de Taylor como ela queria acreditar que sentia.




* * *



No dia seguinte...


     Como era de se esperar, Isaac, Taylor e Zac passam todo o tempo com a mãe, pois ela voltaria para Tulsa na madrugada daquele domingo. Eles tiveram que esquecer todos os problemas por algum tempo para que a despedida da mãe tivesse um clima agradável.
    Matt e Meg decidem não sair de casa para tentar animar Pietra, que se sente melhor não por ter superado o ocorrido no sábado, mas por ser comovida pelo esforço do primo e da tia para fazê-la sorrir.
     Lara passa o dia sonolenta, pois não dormira direito à noite. Ela e Zac não se veem durante todo o dia, não se falando nem mesmo quando ela liga para a casa dele para desejar boa viagem para Diana. Lara tinha esperança de que Zac atendesse ao telefone e que eles pudessem conversar, mas Diana, que já havia atendido a um telefonema de Meg, é quem atende.
Zac fica triste por Lara não pedir para falar com ele. Lara fica triste porque ele não pedira para falar com ela. E assim eles permanecem brigados.
    Isaac até tenta falar com Mariana, mas ela desliga o telefone assim que ouvira sua voz. O que fez Taylor concluir que ela ainda estaria chateada com ele também.


     O domingo chega, mas com a mesma rapidez com que todos os últimos acontecimentos haviam tomado proporções enormes, ele vai embora, assim como todos esperavam que as consequências destes acontecimentos também fossem.
   Todos estavam se sentindo diferentes de algum modo. Nunca os nossos queridos personagens haviam estado tão interligados, e ao mesmo tempo tão separados. 
Aquele clima era realmente inquietante já que a partir do momento em que um entrara na vida do outro, nenhum deles conseguia imaginá-la sem a sorte que era ter uma amizade como a deles. Mesmo com alguns desentendimentos e confusões, o que é normal em toda relação, Mariana, Taylor, Pietra, Isaac, Lara, Zac, Linda, Victor e Matt tinham consciência do quão privilegiados eram por ter se conhecido e construído uma linda história juntos.
    Naquele domingo, parecia que a história deles tomaria rumos diferentes...O que eles não sabiam é que a noite anterior os uniria ainda mais.





* * *




Segunda-feira...


       Lara não tivera pesadelo à noite, por isso mesmo dormira tão bem que acordara atrasada para se arrumar para ir à faculdade.

Lara-Ai meu Deus! Dormi demais!-olhando para o relógio de seu quarto; levantando da cama atordoada.

     Ela corre para o banheiro para tomar banho e escovar os dentes. Não podia perder aquela aula, muito menos fazer dos atrasos um hábito constante. Além disso, Lara queria ver Pietra. Aquela seria a primeira chance de conversar com a amiga depois do que acontecera no sábado.
    Após o banho, Lara veste apressadamente um vestidinho rosa com um casaquinho branco por cima e calça sandálias rasteiras também brancas. Ela pega seus livros, sua bolsa e vai para a sala.

Lara-Droga! Não vai dar tempo de tomar café!-olhando desolada em direção à cozinha-Lá se vai a minha dose de cafeína matinal!-lamentando; se dirigindo até a porta do apartamento.

       Mal ela abre a porta e dá o primeiro passo para sair do local, seu corpo vai de encontro ao corpo de Zac, que estava ali prestes a tocar a campainha do apartamento da namorada.

Zac-Ops!-s abraçando; sorrindo pela coincidência.
Lara-...Zac?!-surpresa.
Zac-...Oi.-timidamente; perdendo um pouco o sorriso por não perceber se a surpresa de Lara tinha um quê de positivo ou negativo.
Lara-...er...Oi.-afastando-se um pouco dele-Desculpa pelo esbarrão...Eu te machuquei?-ficando um pouco nervosa pela presença do namorado.
Zac-Não. Acho que foi eu que te machuquei.-a encarando.
Lara-...Não. Você nem chegou a pisar no meu pé ou algo do tipo!-com um sorriso amarelo.
Zac-Eu não me referi a ter te machucado hoje, Lara...E você sabe que eu não falo de algo físico.
Lara-...-baixando os olhos. Os dois ficam em silêncio por alguns segundos.
Zac-Você ia sair?-quebrando o gelo.
Lara-Eu estava saindo para ir para a faculdade. Já estou até atrasada!-lembrando desse detalhe, fazendo um comentário inocente.
Zac-Ah.-num misto de compreensão e lamentação.
Lara-Você não tem aula hoje?-estranhando aquela visita.
Zac-Eu tenho. Mas quando estava dirigindo até a faculdade, não parei de pensar que, assim como aconteceu ontem, eu não conseguiria fazer mais nada e me concentrar em coisa alguma se não falasse com você antes...Mas eu não quero te atrapalhar...-Lara o interrompe:
Lara-Não. Você não está me atrapalhando.-apressando-se em falar aquilo; arrependida de ter comentado que estava atrasada. Zac sorri; percebendo que ela não pretendia mandá-lo embora como ele pensava. Lara fica sem graça pelo modo como falara, mas principalmente pelo sorrisinho do namorado-...quer dizer...Eu já perdi o começo do primeiro tempo...e até que eu chegue à faculdade já terei perdido todo o resto dele...
Zac-Então eu posso entrar pra gente conversar?
Lara-Se você quiser...-timidamente.
Zac-Você sabe que eu quero, Lara. Agora resta saber se você também quer. Se não quiser, eu vou embora...-tencionando dar as costas; com uma carinha triste.
Lara-Não. Não. Fica.-segurando uma das mãos dele. Zac sorri; voltando a olhá-la.
Zac-Até parece que eu iria embora.-sorrindo maroto-Isso nunca falha com você, amor.-Lara solta a mão dele; apertando os olhos e entreabrindo a boca esboçando incredulidade.
Lara-Você não presta, Zac!-dando tapinhas no peito dele. Zac a envolve pela cintura.
Zac-Eu não tenho culpa se eu conheço cada reação sua.-sorrindo.
Lara-Ah é? Então você já sabe que agora eu não estou bem certa se ainda quero conversar com você.-tentando sair dos braços dele.
Zac-Isso eu também previ.-sorrindo safado.
Lara-Me solta, Zac! Pode ir para a sua aula. Eu também vou para a minha.-tentando fingir que estava com raiva pela brincadeira.
Zac-Por que você não quer deixar transparecer que também acha ridículo esse climinha entre a gente?-ignorando o que ela dissera, ainda sorrindo.
Lara-Porque você não está merecendo.
Zac-E o que eu posso fazer para merecer que você me perdoe?-assumindo um tom sério-Quer que eu peça desculpas de joelhos? Eu faço.-pronto para se ajoelhar diante dela. Lara fica sem graça.
Lara-Não, Zac. Não faz assim.-o fazendo levantar novamente-Não precisa disso.
Zac-Então me diz do que você precisa.-olhando-a nos olhos-Fala e eu faço. O que eu não aguento é ficar longe de você; saber que te deixei chateada...É ver você me receber à porta sem um sorriso e eu me perguntar por quantas vezes mais você vai me aguentar sempre pisando na bola com você.-chateado.
Lara-Não é assim, Zac...Você não pisa sempre na bola comigo...-comovida pela carinha triste dele.
Zac-E o que eu fiz sábado? Eu acabei favorecendo uma situação que te incomodou, e não fui sensível o bastante para entender você.
Lara-Mas eu também não agi certo discutindo com você daquele jeito, nem colocando o Jason no meio da nossa conversa sabendo que você não gosta muito dele...Mas quando eu vi a Emily dando em cima de você, e a sua falta de atitude contribuindo para que ela continuasse inventando pretextos pra te tocar, beijar...Aiii! Eu fiquei com muita raiva!-cerrando os punhos.
Zac-A minha namorada meiga com raiva? Que perigo!-brincando; sorrindo. Lara ri.
Lara-Para, seu bobo! Eu fiquei com muita raiva mesmo! E eu detesto me sentir assim!
Zac-Detesta sentir raiva ou ciúme?-sorrindo safado.
Lara-Eu não estava com ciúme.
Zac-Não?
Lara-Não.-cínica.
Zac-Nenhum pouquinho?
Lara-Não. Eu fiquei com raiva pela falta de respeito da Emily.
Zac-Mas essa raiva não veio acompanhada de um pouquinho de ciúme?-sorrindo.
Lara-...Só um pouquinhozinhozinho de nada. Mas bem pouquinho mesmo.-também sorrindo.
Zac-Desculpa por ontem, amor.-segurando carinhosamente o rosto dela com as duas mãos.
Lara-Eu também te devo um pedido de desculpa...-baixando a cabeça-Eu estava com raiva da Emily e acabei descontando em você a vontade de brigar com ela...Detesto agir assim! Mas às vezes não consigo segurar. Não gosto de brigar com ninguém, principalmente com você.-Zac levanta carinhosamente o rosto dela, a fazendo olhá-lo novamente.
Zac-Por mim, você já está desculpada.-acariciando o rosto dela-E eu? Também estou desculpado?
Lara-Humm! Deixa eu pensar...-brincando; sorrindo. Ele também abre um sorriso.
Zac-Você pode pensar enquanto eu te beijo?-abraçando a cintura dela.
Lara-Vai ter que ser um beijo demorado então, porque eu vou precisar de muito tempo para pensar. Tudo bem?-enlaçando o pescoço dele.
Zac-Sem objeções. Como você quiser.-sorrindo; a olhando com ternura.
Lara-E o que você está esperando pra me beijar?
Zac-Dizer que eu te amo.-encostando sua testa a dela.
Lara-...-sorrindo; achando aquilo muito fofo-Eu também te amo.-tocando seus lábios nos dele enquanto acariciava sua nuca. Zac sorri; a beijando pra valer.

       Os dois ficam se beijando à porta, até Lara, sem interromper o beijo, puxar o namorado pela camisa fazendo-os entrar. Zac fecha a porta com um dos pés, e eles caminham aos beijos até o quarto de Lara.





* * *



       Pietra acabara de chegar à faculdade e estava no corredor onde ficava o seu armário para pegar os livros de que precisaria para o primeiro tempo. Para variar, ela estava tendo problemas com a porta dele.

Pietra-Saco! Ninguém merece esse armário que emperra quando eu mais preciso dele!-olhando para o relógio em seu pulso, vendo que sua aula provavelmente já havia começado.

       Aquilo a faz lembrar de quando Isaac era seu professor e a ajudava sempre que seu armário não queria abrir. Ela suspira baixinho.
     O domingo havia sido bom para esquecer um pouco a vergonha que sentira no sábado, mas nunca seria suficiente para que ela pudesse esquecer Isaac.
Logo a expectativa do encontro com Lara toma conta dela. As duas tinham muito o que conversar, pois Pietra precisava muito dos conselhos da amiga.
     Por estar bastante distraída em seus pensamentos, Pietra não ouve Dina, uma colega de classe, acompanhada de um garota morena, chamá-la repetidas vezes.

Dina-Pietra?-tocando seu ombro-Pietra?
Pietra-Ahn?-saindo de seu “transe.” Ela vira para olhar quem a chamava-...er...Oi, Dina!-meio sem jeito-Tudo bem?
Dina-Aonde a sua cabeça estava, Pi? Pensando em algum gatinho; é?-sorrindo.
Pietra-Gatinho? Não!-com um sorriso amarelo-Que nada! Eu estava aqui distraída pensando...er...pensando em como eu vou fazer para abrir o meu armário querido que está emperrado.-rindo.
Dina-Ainda esse problema?-também rindo.
Pietra-Os meus problemas são bastante persistentes. O meu armário não seria diferente.-brincando.
Dina-O professor Isaac é quem te ajudava nisso; não é?-lembrando; sorrindo.
Pietra-...É.-perdendo um pouco do sorriso-Mas e aí, não vai para a aula agora? Acho que a senhorita Becker já deve estar na sala.-mudando de assunto-A Larita também já deve estar lá.
Dina-Não. A Lara não está lá, Pi. Acabei de vir de lá. Eu estava justamente procurando vocês duas.
Pietra-Procurando a gente?
Dina-Você esqueceu da seletiva para o musical, Pi? É hoje. Eu havia pensado em fazê-la depois das aulas, mas muitas pessoas não poderiam ficar, então será agora mesmo no primeiro tempo. Olha, esta é a Michelly.-apresentando para Pietra a garota que a acompanhava-Ela estuda Estilismo e Moda no último prédio do campus. É ela a responsável pelos figurinos do musical.
Pietra-Oi, Michelly. Prazer.-cumprimentando-a com um beijo no rosto.
Michelly-Oi, Pietra.-simpática.
Dina-Como o dia da apresentação já está bem próximo, a Mi tem que tirar as medidas dos dançarinos escolhidos ainda hoje.
Michelly-Os desenhos do figurino já estão feitos. Só faltam as medidas para começar a fazer tudo acontecer.-sorrindo.
Dina-Nós estamos indo para o auditório agora. Você vem com a gente?
Pietra-...Claro. Eu só preciso antes ir ao vestiário pra trocar de roupa. Eu achei que assistiria às aulas antes, então vim de jeans mesmo.
Dina-Sem problemas, Pi. Nós vamos dar um pulinho em mais algumas salas para avisar para o pessoal da mudança no horário da seletiva, e depois nos encontramos no auditório; pode ser?
Pietra-Pode. Pode sim.-sorrindo.
Michelly-Resolvemos o problema com o seu armário: você não vai mais precisar abri-lo.-brincando. Elas riem.
Pietra-É verdade. Obrigada.
Dina-Estamos indo, Pi.
Pietra-Procura a Larita, Dina. Ela deve estar por aí em algum lugar. Talvez na biblioteca. Aquela lá adora uma biblioteca!-sorrindo.
Dina-Vou procurar a Lara, sim, Pi. Ela não vai escapar.-rindo-Tchau.
Pietra-Tchau, Dina. Tchau, Michelly.
Michelly-Tchau, Pietra. Até logo.-depois de se despedirem, Michelly e Dina seguem para um lado e Pietra para outro.

       Pietra estava decidida a dar tudo de si para conseguir a vaga no musical. Precisava se ocupar com alguma atividade extra curricular para se animar um pouco; passar o tempo e não pensar nos problemas. Aquele musical seria o caminho para a volta da boa e velha Pietra. Ela queria muito acreditar nisso.




* * *






        Mariana havia decido não ir para a aula naquela manhã. Ela saí de casa para que Peter não perguntasse por que ela faltaria( coisa que ela não costumava fazer), pois ela não queria transparecer para ele que andava chateada com algo; e vai para a cafeteria onde Linda trabalhava. Ela pretendia ir para a casa de Lara quando saiu de casa, mas lembra que, como não havia combinado nada com a amiga, ela provavelmente não estaria em casa e sim na faculdade.
     Ao adentrar a cafeteria, procura Linda com o olhar. Mas nem sinal dela. O local estava bastante cheio, como de costume àquele horário, então ela nem cogita a hipótese de procurar uma mesa vaga, indo sentar-se ao balcão. Talvez assim fosse até mais fácil encontrar com Linda.
     Dayse, que estava atendendo ao balcão, aproxima-se dela.

Dayse-Mari! Tudo bem?-sorrindo.
Mari-Oi, Dayse! Tudo...indo.-com um sorriso amarelo-E você?
Dayse-Eu estou bem, Mari. Você é quem está com uma carinha meio triste...E esse seu “tudo...indo” acabou de me confirmar que há algo errado.
Mari-Está tão visível assim?
Dayse-Você não chegou com seu sorrisão contagiante de sempre, pedindo sonhos bem quentinhos...Como eu não perceberia? Seria o mesmo que a Larita chegar aqui, não me chamar de “flor” e não pedir qualquer coisa com cafeína tamanho gigante acompanhada de cookies.-sorrindo.
Mari-Nossos hábitos alimentares nos denunciam; não é?-brincando.
Dayse-Com certeza.-rindo.
Mari-E a Lili, Dayse? Hoje ela não trabalha pela manhã? Está na cozinha? Não a estou vendo por aqui.
Dayse-A Linda ainda não chegou, Mari.
Mari-Ainda não chegou? Que estranho! Ela nunca se atrasa nem quando combina algo informal, imagina no trabalho!
Dayse-Pois é. Eu também estranhei. Em anos de trabalho aqui, ela só chegou atrasada quando teve algum problema. Já liguei para a casa dela, mas ninguém atende. Estou preocupada.
Mari-Eu também estou ficando preocupada agora.
Dayse-Você faz ideia do que possa ter acontecido?
Mari-Não. Não tenho ideia. Não falo com ela desde sábado.
Dayse-Não sei o porquê, mas tenha a impressão de que isso tem alguma coisa a ver com o ex-namorado dela. Agora que ele reapareceu na vida dela, a Lili não teve mais sossego.
Mari-Você fala do Victor?
Dayse-Esse mesmo. Você o conhece?
Mari-Ele é amigo do Zac, que é irmão do meu namorado...quer dizer, ex-namorado.-corrigindo.
Dayse-Você terminou o namoro, Mari?
Mari-...É uma longa história, Dayse. Depois eu te conto.
Dayse-Tudo bem. Sem pressão.-compreendendo a delicadeza do assunto.
Mari-A Linda e o Victor acabaram se encontrando sábado numa reuniãozinha no apartamento dos Hanson. Ele e a irmã apareceram lá quando a Linda já havia chegado.
Dayse-Emily o nome dela; não?
Mari-Exato.
Dayse-Ela vivia aqui no tempo em que a Linda e o Victor namoravam. Ela sempre vinha sem o irmão, e as duas conversavam bastante. Eu sempre ficava cobrindo a Linda quando ela queria um tempinho para conversar com a Emily. Mas não sei o porquê, eu nunca fui com a cara daquela garota. Não sei...foi antipatia à primeira vista.
Mari-Sei bem como é isso.-lembrando de seu primeiro encontro com Taylor-Engraçado! Eu não lembro de ter visto a Emily por aqui.
Dayse-As duas ficavam conversando na sala do estoque, Mari.
Mari-Que estranho! Sábado as duas não me pareceram tão amigas assim...Pelo contrário, pareciam até bem distantes. A Larita uma vez me disse que a Linda comentou com ela que a “cunhada” a ajudava bastante com alguns problemas...mas eu não achei que elas tivessem uma amizade pelo que vi sábado.
Dayse-Talvez o fim do namoro tenha afastado as duas. Mas que elas eram bem amigas, isso eram! Após ter terminado o namoro, a Linda às vezes dizia que era uma pena que o Victor fosse tão diferente da irmã!
Mari-Sério?-interessada no que ouvia-Mas você sabe dizer por que ela terminou com ele?
Dayse-Não. Tudo que sei é que ele a fez sofrer bastante. Eu fui testemunha disso. A Linda chegou aqui chorando algumas vezes por causa dele...Chegou até a faltar uma semana por causa disso! Quase perdeu o semestre passado na faculdade de Nutrição porque perdeu algumas provas finais.
Mari-Eu lembro que ela ficou um tempo sumida da cafeteria, mas eu não sabia que havia sido por causa do término do namoro. Ela contou empolgada como eles se conheceram no Manhattan Mall e ele pedira o telefone dela. Quando ele ligou no mesmo dia e tal... Eu lembro de como ela estava feliz quando me contou que estava namorando! Eu e a Larita éramos loucas para conhecer o famoso Victor, mas eles terminaram antes mesmo que pudéssemos ter essa chance. Aliás, a Larita o viu uma vez aqui...eu acho. A Linda sempre dizia que como a gente a abandona aqui, nunca conheceríamos o namorado dela.-lembra sorrindo; mas logo voltando a ficar séria-Foi muito triste quando tudo acabou e a Lili ficou sofrendo...
Dayse-E agora ele surge depois de 4 meses para fazer todas as lembranças ruins voltarem!-chateada.
Mari-E a irmã dele também voltou a aparecer aqui?
Dayse-Não. Ela não.
Mari-Muito curioso isso que você me falou sobre as visitas da Emily aqui.-intrigada-Se elas são ou eram...não sei...tão amigas assim, por que elas agem como se tivessem se visto algumas poucas vezes? Tem alguma coisa errada nisso.
Dayse-Você acha, Mari?
Mari-Eu não sei. Mas foi isso o que me pareceu.



“A Larita tem que saber disso. Ela sabe mais coisa sobre essa história do que eu. Quem sabe ela não consiga encaixar as peças que faltam nesse quebra-cabeças! O Victor não me pareceu esse monstro que a gente pintou!”-Mariana pensa, decidida a investigar a ligação entre Emily e Linda.
Assim como Dayse, ela também não fora com a cara de Emily desde o primeiro dia que a vira, na festa no apartamento dos Hanson. Principalmente porque ela havia sido um dos motivos para a primeira briga entre Zac e Lara.




* * *



      Quando Pietra troca de roupa, vestindo uma legging preta e um top, também preto, por baixo de uma regata branca cujo decote deixava à mostra parte do top, ela segue direto para o auditório.
Chegando lá, havia algumas garotas sentadas nos assentos do local esperando para que a seleção começasse. Pietra caminha em direção a elas e senta junto ao grupo.
     Pouco tempo depois, vários garotos do time de basquete adentram o local. Harry, claro, estava entre eles.
Assim que avista Pietra, ele caminha em direção a ela enquanto seus colegas garantem seus assentos ao lado das outras garotas ali presentes.

Pietra-Harry? Errou de porta; não? A quadra fica do outro lado do prédio.-brincando. Ele sorri.
Harry-Se você está aqui, então eu não errei.-Pietra sorri.
Pietra-Os outros também são meus fãs?-continua brincando.
Harry-Com certeza são, mas não como eu.-sentando ao lado dela. Pietra ri.
Pietra-Para, seu bobo!-dando um tapinha no braço dele.
Harry-Eu tentei falar com você durante a semana passada toda, Pi. Nós não tivemos chance de conversar sobre o lance da Paradise...E eu queria muito que você não estivesse chateada comigo. Eu sei que eu fui um idiota por ter entrado lá mesmo que você tenha dito que estava tudo bem. Eu não poderia ter deixado você sozinha...-ela o interrompe:
Pietra-Esquece isso, Harry. Eu não estou chateada com você.
Harry-Pode falar a verdade, Pi. Eu aguento.
Pietra-É a verdade, Harry.-sorrindo pelo jeitinho dele-Se eu estivesse, você saberia.
Harry-Então você não estava fugindo de mim?
Pietra-Eu? Fugindo de você?-rindo-De onde você tirou isso?
Harry-...Não sei...-sorrindo sem jeito-...Eu nunca conseguia te encontrar por aqui...Achei que você não quisesse mais me ver na sua frente.
Pietra-Claro que não! Eu já disse que não fiquei chateada. Esquece isso; ok?-sorrindo. Ele também sorri.
Harry-Já está esquecido.
Pietra-Agora fala; o que você e o seu time estão fazendo aqui?
Harry-Nós vamos participar do musical.
Pietra-Vocês o quê?-rindo-Conta outra!
Harry-É verdade.
Pietra-Os machões das quadras vão dançar no teatro? Inacreditável!
Harry-É sério. A Dina me falou que precisavam de garotos para o musical, e como incentivo falou que você participaria da seleção. Ela garantiu que não vamos ter que dançar mesmo, só vamos ajudar vocês, garotas. Então eu recrutei todo o time para participar também, assim eu teria a garantia de ver você com mais frequência e ainda agradeceria a Dina ajudando com a falta de pessoal.
Pietra-Eu não acredito!-sorrindo-Harry, você não existe!-ele também sorri.
Harry-Pra você ver como eu gosto de você.
Pietra-Fico lisonjeada!-dando um beijo no rosto dele.
Harry-Nunca mais vou lavar o rosto.-brincando.
Pietra-Bobo!-rindo-Você é surpreendente! Deve ter dado trabalho convencer todo o time a participar disso!
Harry-Você vale todo o esforço.-ela sorri.
Pietra-Só que você esqueceu, Dom Juan, que eu ainda vou participar da seletiva. Não sei se vou conseguir uma vaga.
Harry-Tenho certeza que vai.-segurando uma das mãos dela.

       Michelly aparece no auditório. Dina não estava com ela, o que logo foi percebido por Pietra, que as havia visto juntas antes.
Como a chegada dos garotos no local trouxera também bastante barulho e algazarra ao se misturarem com as meninas, Michelly sobe ao palco para fazer todos olharem para ela.

Michelly-Gente, um pouquinho de silêncio, por favor.-falando ao microfone; atraindo a atenção de todos, pondo fim ao barulho-Ah! Agora melhorou.-sorrindo-Bem, a Dina vai se atrasar um pouquinho porque esqueceu as fichas com os nomes de vocês no armário dela. Mas como o nosso tempo é curto, e eu sei que vocês não podem perder o segundo tempo, eu vou começar a seleção sem ela; tudo bem?-ela ouve as vozes no auditório concordarem em uníssono com sua proposta-Então eu vou explicar para vocês como será o processo de seleção: eu colocarei uma música aleatória para cada candidata e ela terá que improvisar uma coreografia. É bem simples. Nós só queremos saber quem realmente tem jeito para a dança, assim teremos mais chances de sucesso no musical mesmo tendo pouco tempo para ensaiar até o dia da apresentação. Entendido?-mais uma vez ela ouve um sonoro “sim”-Como a lista com os nomes de vocês ainda não está aqui, eu quero saber quem quer começar. Alguém se habilita?

         Todos se olham como se esperassem que alguém se manifestasse.

Pietra-Eu!-levantando a mão; justamente a mão que Harry segurava. Desde que ele segurara sua mão, ela tentava encontrar um jeito sutil de soltá-la dele. Pietra acreditava que qualquer coisa poderia significar para Harry uma esperança de que tinha chances com ela. Levantar a mão fora a primeira coisa que lhe ocorrera.
Michelly-Pode subir ao palco então.-sorrindo.

Pietra levanta.

Harry-Vai lá e arrasa.-ela sorri; caminhando até o palco sob os olhares de todos.

Os garotos começam a gritar gracinhas e assoviar. Harry dá um tapinha na cabeça dos que estavam a sua frente, pedindo mais respeito. Pietra ri.





* * *




      Dina fechava seu armário apressadamente. Já estava com a lista dos nomes das candidatas em mãos, agora era só correr para o auditório para não perder muito da primeira apresentação, afinal de contas ela também julgaria quem seriam os mais aptos para participar do musical.
Quando caminhava pelo corredor em direção ao auditório, encontra com Isaac no meio do caminho. Ele parecia procurar algo...ou alguém.

Ike-Dina!-parando; sorrindo por encontrar alguém conhecido...ou melhor, alguém que conhecia quem ele estava procurando.
Dina-Professor! Que surpresa!-também sorrindo; já que ela era uma das alunas que babavam por Isaac no tempo em que ele fora professor da instituição-Você não morre mais!
Ike-Eu? Por quê?-sorrindo.
Dina-Porque hoje eu e a Pietra estávamos falando sobre você.-comenta inocentemente.
Ike-Ah é?-sorrindo maroto-A Pietra também? Ela me xingou muito ou se limitou a fazer careta ao ouvir falar meu nome?
Dina-Claro que não, professor! Nós estávamos falando bem de você!
Ike-Vou fingir que acredito.-brincando. Ela ri.
Dina-Não me diga que você vai voltar a dar aula aqui?-pergunta esperançosa; já esquecendo que estava com pressa.
Ike-Não, Dina. Vim apenas fazer uma visita.
Dina-Ah! Que pena!-Ike ri discretamente da expressão desolada dela.
Ike-...e...E como anda a sua turma?-fazendo rodeio para perguntar o que realmente queria saber-...A Pietra continua recebendo tão bem os professores substitutos?-zoando. Dina ri.
Dina-É a especialidade dela.-brincando.
Ike-Ela está em aula agora? Vocês têm aula juntas agora?-fingindo ser uma pergunta casual, sem qualquer interesse.
Dina-Temos. Mas estamos montando o musical “Moulin Rouge” para o festival de outono da universidade. E a Pietra e mais algumas garotas estão no auditório esperando para fazer a seletiva de dança. Você acredita que o Harry até conseguiu fazer com que os garotos do time de basquete aceitassem fazer parte do projeto?! Eu nem vou fazer teste com eles...Do jeito que estamos precisando de garotos, não posso me dar ao luxo de dispensar nenhum deles...a menos que sejam muito ruins mesmo!-rindo.
Ike-Então a Pietra está no auditório?-não tendo prestado atenção no que ela dissera após ter mencionado Pietra.


“Então foi por isso que não a vi em nenhuma das salas por onde passei.”-ele pensa.


Dina-Você não gostaria de assistir à seleção, professor?-pensando nisso como um pretexto para tê-lo por perto.
Ike-...Claro. Eu adoraria.-feliz por ela ter feito aquele convite.
Dina-Então vamos.-sorrindo-Eu estou atrasada. Tenho que levar a lista com os nomes.-lembrando de seu compromisso; puxando Isaac pela mão. Este apenas ri do jeito da ex-aluna; deixando ser conduzido por ela.





* * *




       Pietra já estava sobre o palco. As luzes fazem-na ter toda a projeção de que precisava para a sua apresentação. Apesar de ser alvo de todos os olhares dos ali presentes, ela não estava nervosa ou tímida. Dançar era o que gostava de fazer e jamais teria vergonha disso.
      Michelly apenas aguardava um sinal dela para que pudesse pôr a música para tocar.
Pietra faz um movimento com a cabeça avisando que estava pronta.
Michelly “solta” a música.
     Pietra estava ansiosa para saber qual música dançaria. Então quando ouve as primeiras batidas de “Crazy in Love” da Beyoncé, um sorriso enfeita seu rosto. Ela adorava aquela música!
Animada, ela começa a se deslocar pelo espaço do palco lançando um olhar fatal para a platéia. Logo que seus quadris começam a se mover ao ritmo da música, os expectadores masculinos vão ao delírio.


"You ready?

Uh oh, uh oh, uh oh, oh no no
Uh oh, uh oh, uh oh, oh no no
Uh oh, uh oh, uh oh, oh no no
Uh oh, uh oh, uh oh, oh no no



I look and stare so deep in your eyes,

I touch on you more and more every time,
When you leave I'm begging you not to go,
Call your name two or three times in a row,
Such a funny thing for me to try to explain how I'm feeling
and my pride is the one to blame.
Yes, 'Cuz I know I don't understand, Just how your love can do what no one else can



        Pietra sorri; deitando no chão fazendo uma coreografia com as pernas.
Ao levantar, fica de costas para o público, movendo o corpo de um lado para o outro em movimentos bastante sensuais.
A gritaria da ala masculina se intensifica.
     Por estar de costas, Pietra não vê quando Isaac adentra o local juntamente com Dina. Ele sorri ao ver toda a animação dos caras na platéia.
É então que ele lança um primeiro olhar para o palco. Aquele corpo...aquele modo de dançar...eram inconfundíveis.

Ike-Pietra.-murmura; sentindo seu coração disparar. E à medida que Dina puxava-o para perto do palco a caminho dos assentos da primeira fileira, mais rápido seu corpo reagia diante dos movimentos daquela linda...mulher.

      Cada mínimo segundo parecia quadruplicar quando ele acompanhava minuciosamente a mais discreta trajetória que os quadris dela percorriam. Isaac estava tão hipnotizado que permanecera em pé mesmo depois que Dina o conduzira até um assento ao lado do seu.

-Ô, cara! Sai da frente!-um garoto reclama; inclinando a cabeça para os lados a fim de ver o que o corpo de Isaac em frente à cadeira dele obstruía.

        Mas Isaac nem o ouve. Estava tão fascinado pelo que via que parecia ter esquecido que não era o único ali. Ele não ouvia ninguém. Apenas a música que embalava Pietra. Ele não via mais ninguém, apenas o corpo dela a sua frente.
     Quando Pietra volta a ficar de frente para a platéia; levantando os braços descrevendo movimentos circulares em sincronia entre eles e os quadris, seu olhar é levado até Isaac como se a enorme força de atração que não conseguia fazê-lo tirar os olhos dela também atraísse o olhar dela para ele.
Seu coração acelera, já não mais seguindo o ritmo da música alta que ecoava no local. As pernas dela começam a tremer. Ela sente um frio na barriga.
      Imediatamente, Pietra para de dançar, paralisada pelo súbito nervosismo que a acometera.


“O que ele está fazendo aqui?”-ela pensa; parada no meio do palco olhando para ele.




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